Lembro-me de ter ouvido falar do Vidas Secas de Graciliano Ramos grande parte da minha vida, era “Clássico da literatura brasileira daqui e clássico universal de lá”, difícil responder esta questão.Mas difícil é não ficar baqueado com realidade tão dura, com personagens tão reais e tão próximos de nossa realidade extremamente mesquinha.
O mote da história é a migração decorrente da seca, Vida Secas de Graciliano Ramos conta a história de uma família miserável, sobrevivendo a cada estágio que parece interminável, Fabiano, Sinhá Vitória, o filho mais velho, o filho mais novo e a cachorra Baleia. O sertão nordestino, é o grande inimigo.Causando não só fome e sede, mas também desespero, agonia e morte.Um grande e imenso marrom arenoso, seco.Onde nada floresce.
As Personagens são o grande destaque do romance, Fabiano mal consegue falar, não possui habilidades com a fala, tudo soa resmungado, como síndrome de tourettes. Sinhá Vitória sonha em dormir em uma cama de verdade, como se fosse a maior meta da vida.Com certeza era a meta de sua vida, dormir feito uma pessoa e não feito bicho.O filho mais velho e mais novo eram o bem mais precioso, baleia morreu para que os garotos não contraíssem qualquer doença.
Tão triste quanto Fome de Knut Hamsun ou Fogo morto de José Lins do Rego, possui escrita fluida, texto sem gordura, vocabulário coloquial, aliterações bem colocadas, descrições muito precisas, o Vidas Secas de Graciliano Ramos é uma aula de escrita.Para leitores iniciantes é um ótimo livro e para escritores que precisam de referência é uma boa pedida.Fica a dica!!!
Alguns Trechos do Vidas Secas:
“Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim, Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar a situação, espartar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também.”, (página 97).
“As bichas excomungadas eram a causa da seca. Se pudesse matá-las, a seca se extinguiria”, (página 114).
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