Unabomber resolve desenhar em um lyric vídeo o “Carrossel” de ódio e dor em que vivemos

Depois do sucesso do vídeo clipe de “Carrossel” o Unabomber retorna com um lyric vídeo para música. O peso dos riffs e a letra furiosa agora é apoiada pelas ilustrações tragicômicas do craque Pedro de Luna, que representa de forma didática o cenário surreal dos últimos anos no país. O lyric mostra o dilema e o sofrimento do artista (interpretado pelo próprio De Luna) ao fazer os desenhos diante do caos e mortes da pandemia, tudo muito bem costurado pela Gabby Vessoni que produziu o lyric.    

Assista ao lyric “Carrossel”: https://youtu.be/Ick0n1OnIts

“A ideia inicial de ‘Carrossel’ era de um tema mais leve, num ambiente solar, e que nos remetesse a um tempo de paz. Mas vivíamos em um dos momentos mais dramáticos da Covid19. A letra, então, foi redirecionada em meio ao sofrimento de brasileiros que sufocavam sem oxigênio, enquanto um genocida fazia piada e encenava peça macabra. Além da destruição da cultura, da ciência e de nossos biomas. Foi nesse clima de desesperança que “Carrossel” se fez, mas com a certeza de que esse pesadelo vai acabar”, resume a banda.

Assista ao vídeo “Carrossel”: https://youtu.be/y8_tO2u7HP4

Expoente do rock fluminense das últimas décadas, Unabomber faz canções que convidam à reflexão. As críticas sociais fazem parte do DNA do grupo, como é notório em faixas como “Silêncio” e “A Celebração da Peleja entre o Molotov e a Máquina”. 

Originária da Baixada Fluminense e formada por André Luz (voz), Alan Vieira (baixo), Sandro Luz (guitarra) e Paulo Stocco (bateria), Unabomber estreou em 1996 com uma demotape homônima. Já a segunda fita, intitulada “R” e lançada no ano seguinte, contou com a produção do então iniciante Rafael Ramos (DeckDisc, Dead Fish, Pitty, Titãs). Após mais três anos de muitos shows, o grupo encerrou as atividades.

Quase 18 anos depois, eles retornaram à cena com o EP “Massas & Manobras S/A” (2017), onde fazem uma releitura de faixas das duas demos dos anos 90. Na sequência, em meio ao xadrez sociopolítico contemporâneo, compõem e lançam o single inédito “Silêncio”. Já em 2018, apresentam “Pesadelo”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, gravada originalmente pelo MPB4, em 1972. No ano seguinte, incorporaram à sua discografia o EP “O Mal da Máquina Morre”.

Em parceria com a rapper paulistana Flor MC, lançam o single “João 8:32”. Mais recentemente, a banda abordou a questão indígena com uma versão da clássica “Canoa Canoa”, do Clube da Esquina. Além disso, Unabomber trouxe um olhar sobre as contradições humanas no single “Maciota”. Por fim, dialogou com a questão do turismo espacial em “Spaceshit”.

Com “O Carro de Jagrená”, Unabomber revelou mais um single dessa já extensa discografia, se voltando para problemas terrenos. E, com “Carrossel”, inaugura os lançamentos de 2022 com versos afiados sobre o presente – e de olho no futuro.

Ficha técnica
Letra – André Luz
Produção musical – Celo Oliveira (Kolera Home Studio)

Lyric Vídeo
Ilustrações – Pedro de Luna
Direção, Edição e pós-produção – Gabby Vessoni
Letra
Faz um dia lindo de sol
Vamos passear, pelo parque
Não há diversão, só fumaça no ar
Queimam vida

Quem fez girar, nesse carrossel
Tanta maldade

Tem que parar, quem vai parar
Essa roda gigante de dor, ódio e mentiras
Tá pior e vai piorar
O trem fantasma acabou de chegar
E o maquinista é um capitão
Especialista em destruição

Quem fez girar nesse carrossel
Tanta maldade

Mais um domingo no parque,
feito pra viver sonho e magia
Pura ilusão, só desgraça no altar
Sufocam vidas

Quem fez girar nesse carrossel
Tanta maldade

Tem que parar, quem vai parar
essa roda gigante de dor, ódio e mentiras
Pague para entrar
Reze para sair
Dessa montanha russa infinita
Dessa montanha russa infinita
Dessa montanha russa infinita
Dessa montanha russa infinita
Essa montanha russa infinita, infinita, infinita….

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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