1- Fale sobre Transtorninho Records, quando foi fundada e porquê Transtorninho?
Rapaz, a Transtorninho completou um ano esses dias, ou seja, foi fundada em meados de agosto de 2014. Eu e o Smhir começamos a morar juntos em Recife e sentíamos muita falta do rolê. Em Maceió (de onde a gente é) sempre ou quase sempre tocávamos. O Smhir fazia parte do Coletivo Popfuzz, que já foi um selo também. Eu toco em banda desde que tenho 14 anos. Ele também. Daí aconteceu que decidimos começar a fazer as coisas – o que foi algo de maneira bem natural. Simplesmente queríamos tocar e ver bandas do nosso estilo tocando, conhecer pessoas, espalhar nossa mensagem… Daí Danilo apareceu na nossa vida usando umas camisas de banda independentes no CAC (centro de artes e comunicação da UFPE – onde estudamos todos). Montamos o Amandinho com Jonnhy que tava instigado em aprender mais bateria e tudo virou uma coisa só. Amandinho, Transtorninho, e o que mais você disser no diminutivo.
2- Como é o rolê de Recife, em termos de Indie e música experimental?
O rolê aqui na verdade é paia – como eu imagino que seja em muito canto por aí. Em termos de indie rock então… No independente estamos fazendo nossa parte e vendo que algumas pessoas estão se agitando, colando nos eventos, comprando CD, pegando zine… Tá funcionando. Apesar de não termos, por exemplo, um lugar fácil de fazer evento. A maioria dos bares não facilitam, lógico, cover dá dinheiro. Mas existem espaços legais que estamos descobrindo aos poucos, como o Casarão das Artes, que fica no centro. Aqui tem pessoas que tocam e fazem o rolê delas, mas não temos muito contato. Sei lá a gente gosta dos emo
3- Como você viabiliza o selo numa época em que poucos compram discos?
Bem, vejo os discos como algo de valor simbólico mermo. Eu só compro disco de banda independente pra ajudar elas, mas se fosse outro produto – sei lá, um pôster – eu iria gostar mais. Penso assim, eu não uso mais CD pra nada, nem sei por que as pessoas usam. Só escuto música no computador e no celular. Apesar disso, continuamos fazendo discos – em tiragens limitadas, detalhadamente construídos, como algo mais afetivo mesmo, sei lá.
4- Como funciona o trabalho no selo?
Encontramos bandas que acreditamos estarem dentro da ideia do selo, entramos em contato (ou elas entram conosco, como aconteceu recentemente com o Magic Crayon), subimos o disco delas no nosso Bandcamp, fazemos o mailing, a divulgação na internet e – quando é álbum cheio – fazemos os cd’s ou, por exemplo, ajudamos na produção – como aconteceu com o Empate, que compramos os CD’s antes deles existirem pra que eles pudessem existir. É isso
5- Grande parte das bandas não cantam na última flor do lácio (português)? É uma característica do selo?
Ha ha eu nunca tinha ouvido essa expressão. Na verdade não, eu inclusive, diferentemente do Smhir, prefiro música em português. Não temos preconceitos. Música instrumental não é universal.
6- Quais as bandas do selo, possuem mais destaque entre a galera, as que possuem um som mais indie, shoegaze ou as experimentais?
Velho, nosso disco mais baixado no bandcamp até hoje foi o do 151515 (projeto que coincidentemente é meu, retrato da minha adolescência, outra história), que é bem indie, lofizão. Depois temos nosso shoegazer favorito, o Cláudio Romanichen, com seu projeto Lindbergh Hotel.
7- Fale um pouco sobre as bandas Nova MPB, Amandinho, Lindberg Hotel e Magic Crayon?
O Novampb é uma viagem maluca que se passa na cabeça do nosso amigo Smhir Garcia. Barulho, pop, springbreakers, noise, dream pop, reggae alagoano e muito mais tem nesse último disco dele.
O Lindberg, como eu disse, é o projeto do Cláudio, que apareceu em nossas vidas graças à grande rede de computadores – a internet! É um maluco que adora as coisas boas da vida que não machucam os outros, manja muito dos anos noventa, toca bem pra caramba e usa o som do carro pra mixar suas canções.
Amandinho é simplesmente “de nóis pra nóis” – a banda é formada pelas mesmas pessoas do selo e estamos sempre juntos e tentando arrumar shows. Gravamos nosso EP em casa com ajuda de poucos amigos, mixamos e masterizamos com um fone de ouvido e é isso aí. Existe.
Magic Crayon! Os caras surgiram do nada na nossa página, mandando o som. Curtimos, trocamos ideias, lançamos e é isso, os caras são 10 e vão lançar um disco cheio esse ano ainda se não me engano.
8- Dicas para iniciantes, que pretendem gravar e viabilizar a distribuição de discos ou ep’s.
“Sejamos iniciantes juntos!” Acho que o mais importante é fazer – de qualquer jeito, de qualquer forma. Importantíssimo também é fazer do seu jeito. Críticas e sugestões são ótimas pra se conseguir fazer um trabalho melhor, mas às vezes é preciso não dar ouvido aos outros, colocar um fone que não tem grave nenhum, mixar usando a versão demo Audacity (nem sei se existe versão demo desse programa haha) e tentar colocar o máximo de sinceridade no som. A dica é: peça dicas, nos deem dicas, criem dicas, passem dicas e não desistam nunca. É isso!!
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