Mais uma vez venho falar de um dos meus autores americanos prediletos. Paul Auster é simplesmente genial. Suas obras são fantásticas no que diz respeito à construção narrativa. O livro dessa semana, lido em três dias é Sunset Park. Até agora é o melhor que já li.
Os enredos de Auster, como já comentei em outro texto sobre A Trilogia de Nova York, são uma mistura de elementos que nenhum ser humano é capaz de dizer que dali sairá uma história capaz de cativar o leitor. E é justamente ai que quebramos a cara quando lemos seus romances.
Sunset Park é um livro onde encontramos várias vidas. Vidas despedaçadas e absurdamente envolventes. Uma história sobre pais e filhos. Sobre como as escolhas e ações que tomamos por não controlar nossos instintos acabam transformando a calmaria de nossas vidas em um tumultuoso trem sem rumo.
Miles Heller, personagem central do livro, tem um passado que quer esquecer. Uma morte em seu passado parece ter mexido completamente com seu interior. Seu pai, Morris Heller, um homem que sempre tentou se dedicar ao filho, não encontra respostas para o desaparecimento de seu filho, seu único filho legítimo.
Entre idas e vindas, Miles decide, após ouvir um estranho e pesado diálogo de seu pai com sua madrasta, ir embora, abandonar a faculdade e sumir no mundo. Por obra do acaso, recebe uma carta de um antigo amigo de colégio, o excêntrico e obeso Bing Nathan, um cara que está sempre querendo caminhar contra a sociedade americana e que acredita que pode viver no mundo sem celulares, internet e tudo mais e será mais feliz.
A proposta de Nathan para Miles é simples. Para cortar gastos com aluguel, ele propõe que ambos, na companhia de mais duas amigas, ocupem uma velha e abandonada casa na região de Sunset Park. Tentado e ao mesmo tempo intrigado com o estranho convite, Miles pensa no caso até que decide partir.
Sunset Park é um grande livro. Além do tema central, conflitos familiares (relação pai e filho) é uma ótima história sobre amor, amizade e erotismo. Miles é apaixonado por uma adolescente menor de idade, Pilar, o que vai fazer com que sua vida sofra grandes transformações.
As diversas personagens que desfilam no universo desse livro são amplamente profundas. Alice Bergstron uma estudante de pós-graduação que nutre uma estranha paixão por seu namorado escritor. Ellen Brice, uma artista plástica que tem prazer em pintar pessoas nuas contanto que elas se masturbem e gozem em sua boca depois. E por fim, a estranha mania de Miles em fotografar objetos que encontra em casas abandonadas devido à crise do mercado imobiliário americano de 2008.
Com a linguagem repleta de lirismo e num ritmo vertiginoso, Paul Auster dá a seus leitores mais um monstruoso romance. Cada página lida vale muito a pena. Impossível ler e sair indiferente com os conflitos desse livro.
Afinal, Sunset Park é um livro sobre casas abandonadas e desfeitas, não só no plano físico, mas principalmente no plano da alma, dos sentimentos humanos. O homem e seus medos e frustrações. O homem buscando um autoexílio num mundo onde não se pode dobrar a esquina sem que o passado esbarre em você.
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