Pode parecer incrível, mas muita gente já me perguntou a diferença entre um sketchbook e um moleskine, e há também quem não conheça o termo “sketchbook”.
Contudo esse texto não é só direcionado para “duofoxers” de primeira viagem, mas também pra quem deseja sempre conhecer um pouco mais desse mundo da criação e entender um pouco do que se passa no backstage do processo criativo. Confira:
Sketchbook mais que um caderno de esboços
Sabe aquela ideia fantástica que você teve a noite, ou durante o trabalho, ou quem sabe durante uma conversa com os amigos? Pois então, a nossa mente às vezes nos prega peças e “aquela ideia” pode sumir “num piscar de olhos” se não colocarmos no papel. Quem é artista em geral – escritor ou desenhista – sabe disso. E nessa hora que contar com uma ferramenta simples, muitas vezes barata e preciosa garante que a sua ideia não vá para o ralo.
Quem usa, já sabe do que estou falando, e claro, o título também entrega, pois bem, é o nosso querido (pelo menos pra mim…rs) SKETCHBOOK!
A tradução é o menos importante, mas pra quem ainda não teve curiosidade de procurar é nada mais do que um livro de esboço.
Há quem defenda que o sketchbook é mais que um caderno de esboços que você imprime ideias e ilustrações, ele é um instrumento de trabalho pra muita gente. Um desenho despretensioso ou frase jogada no meio das folhas brancas pode se tornar algo tão grande quanto seu criador.
Lá vai um pouco de história minha gente…
Como muita coisa boa na vida, o sketchbook não tem data nem inventor patenteado, mas há registros do uso no século XV por Leonardo Da Vinci – isso mesmo, o cara que pintou a Dona Mona (Monalisa).
Dando um salto no tempo, outro cara que fez bonito na arte moderna, considerado um ícone do movimento cubista, foi Pablo Ruiz Picasso, e adivinha o que ele usava?
Se você quer conhecer um pouco mais do processo criativo e disponibiliza de R$ 120,00 dilmas no bolso pode ficar com uma indicação da Folha de S.Paulo, o livro Sketchbooks – As páginas desconhecidas do processo criativo – Cezar de Almeida e Roger Bassetto.
Um livro que apresenta trabalho de artistas como Mutarelli, Angeli, Titi Freak,Alarcão, Carla Caffé além dos designers Kiki Farkas, Guto Lacaz. Para conhecer um pouco do trabalho “sketcher” dos artistas citados e outros brasileiros, você pode conferir neste link.
A essa altura do campeonato, você deve estar se perguntando se eu tenho algo a dizer sobre a diferença do sketchbook e do moleskine. A verdade que é não dá pra dizer que existe diferença, já que os dois tem como objetivo ser uma ferramenta de criação!
Vamos as explicações e justificativas…
Moleskine® um sketchbook capitalizado
A história do moleskine é um pouco complicada e repleta de lendas. Lembra quando eu falei sobre o Da Vinci e os sketchbooks? Pois bem, o Da Vinci utiliza pequenas cadernetas revestidas com um material preto oleado, que são os…. (complete a frase) moleskines, que por sua vez também podem ser considerados como … sketchbooks.
Os moleskines são pequenas cadernetas de anotação pautadas ou não, em sua maioria com capa preta e elástico para prender as folhas normalmente amareladas.
Essas pequenas cadernetas foram usadas por escritores e artistas como Ernest Hemingway, Van Gogh e Bruce Chatwin.
Em 1997, numa jogada de marketing uma importadora Modo & Modo de Milão viu potencial em explorar esses caderninhos que estavam quase extintos da face da Terra. Com marketing impecável fizeram uso de histórias reais – as cadernetas que eram usadas por Pablo Picasso e Leonardo DaVinci idênticas aos moleskines.
Utilizaram também a referência feita por Bruce Chatwin em seu livro “O rastro dos cantos”. Ai pronto! Todo mundo queria um moleskine.
E em 2007, a empresa Moleskine SpA tornou-se a detentora dos direitos autorais da marca e também é fabricante de outros produtos da marca moleskine®.
Há quem referencie o moleskine (marca) com o moleskin (tecido), é apenas uma coincidência, o tecido não tem relação alguma com a marca. Entretanto se separarmos “mole” e “skin”, traduziremos para “pele de toupeira”, que de acordo com uma das versões da criação do termo “moleskine” afirma que essas pequenas cadernetas pretas eram revestidas de couro de toupeira. Hoje as cadernetas da marca moleskine® são feitas de material sintético similar a seus ancestrais.
Resumo da novela: O moleskine é um sketchbook. A diferença entre eles é o formato na fabricação.
Quando nos referimos aos sketchbooks, estão intrínsecos a eles, uma infinidade de materiais para confecção assim como em diversos tamanhos e meios de fabricação. A confecção pode ser artesanal (na maioria das vezes) ou em linha de montagem.
Agora quando falamos de moleskine, estão nos referindo a caderneta confeccionada exclusivamente pela marca Moleskine®, que segue alguns padrões de confecção, seja nos tamanhos, tipo de material das folhas, forma de confecção.
Hoje existem outras empresas como a Tilibra, que oferecem cadernetas semelhantes ao moleskine por preços mais acessíveis, mas isso é uma questão de gosto.
Apesar dos moleskines oferecerem diversas vantagens, para artistas que criam desenhos há uma tendência de gostar mais de sketchbooks, justamente pela versatilidade de encontrar ou fabricar caderninhos de acordo com as necessidades de uso.
Eu mesma, uso e fabrico sketchbooks. Acredito que até mesmo a criação de um caderno de esboço faz parte de um processo criativo complexo do artista e vale o investimento de tempo.
Manoel de Barros é um grande poeta brasileiro, falecido ano passado, no documentário “Só 10 por cento é mentira” que conta um pouco da vida do poeta, mostra também o prazer que Manoel tinha em criar seus próprios livros, uma livre referência a criação de sketchbooks e de como essa ligação entre artista, processo criativo e obra é forte.
Pra quem gosta de fazer sketchs – prática de esboçar, vale pesquisar sobre o Sketchcrawl, um evento que é realizado em diversas cidades do mundo. Ilustradores e desenhistas vão para as ruas para desenhar. Confira na sua cidade se rola algum evento como esse ou monte um grupo de amigos e saia por ai desenhando, escrevendo, exercitando sua mente.
É através de um sketchbook que podem conhecer um pouco do universo de um artista, e o processo criativo.
Minha gente, chegamos ao fim dessa odisséia de mais de 1000 palavras….
Para toda essa inspiração webwriting deixo aqui meu playlist: Garage Fuzz – Cold and Warm e Soundtrack do filme Drive.
Se você foi um guerreiro e leu até a última linha, mas ficou com dúvida ou não concorda com alguma informação do texto? Comente, dê pitacos. A equipe do Duofox adora uma boa conversa!
Gostaria de agradecer pela publicação deste texto, pois me certamente contribuiu a respeito do tema moleskine ou sketch, além de fazer refletir sobre a própria produção do utilissimo livrinho.
Tks.