Recebemos com muita satisfação e uma baita responsa a missão de resenhar o mais novo EP do Crasso Sinestésico. Para quem não sabe, o Crasso Sinestésico é um duo de Bom Jesus dos Perdões, na ativa desde 2014 e quem faz parte do line-up é justamente o “dono da porra toda” e criador do Duofox, nosso amigo de longa data, Diego Fernandes (guitarras e voz) acompanhado da baterista Sabrina Centonfanti Mori. Eco é o nome da obra, contem 5 músicas e foi lançado no final de Novembro de 2020, em plena pandemia. Iremos dissecar aqui faixa a faixa.
As influências iniciais, mais gritantes nos dois primeiros trabalhos – Ponto de Ruptura(2016) e Rorschach (2018) um pós-punk mais sujo e nervoso, com riffs e refrões bonitos, deram espaço dessa vez a canções mais experimentais, melodias mais elaboradas, que já haviam se iniciado no EP anterior Cassandra (2019), e aqui ficam mais latentes.
Vamos a seguir comentar as faixas desta obra:
NOSTALGIA
Musica de abertura. Bela canção, com letra linda, remete aos velhos tempos, aquelas memórias ou coisas que são mexidas com a ação do tempo e não voltam mais. Sonzera master com climão anos 80 na cena.
HOSPITAL DOS ESQUECIDOS
A letra mais poderosa do disco. Protesto, denúncia contra os manicômios nas cidades e suas atrocidades esquecidas pelo tempo.
Melodia harmoniosa com os vocais cantadas no refrão final, na parte que diz assim : “Nada que dizem nos servem, nada além das histórias de hospícios em subúrbios, contaminados pela ganância”
DIÁSPORA
Outra canção bonita, encorpada. O duo aqui no auge do entrosamento com guitarras e bateria numa sincronia bonita de ouvir.
Remete ao Velvet Underground, com um final inusitado “a la “ Sonic Youth com as guitarras do Diego derretendo num solo final. Os créditos disso aliás, ficam por conta do produtor Sandro Garcia que participou desse solo de maneira avassaladora.
B.B KING
Penúltima canção, título bonito!! Ficamos na dúvida se foi alguma menção honrosa ao mestre do Blues. A levada é mais devagar, e vai ganhando corpo a partir do primeiro minuto em diante.
O vocal do Diego está bem grave, cantando frases dissonantes sobre fantasias e realidades. Uma cama perfeita arrumada para o que viria a seguir.
ECO
A faixa título é a também que encerra este EP. E olha, encerraram com chave de ouro, disparado a faixa mais linda. Instrumental fodão com sax a mando de Roger Marzochi, Sandro Garcia mais uma vez, criando um clima etéreo com sua guitarra na parte do solo. Na bateria, Levadas, climas e nuances. Uma atmosfera jazzística, através da harmonia com arpejos da guitarra de Diego Fernandes feita com elegância e harmonia. Sonzeira para o ouvinte, que ganha de presente, no final, o clímax da obra.
Gostaríamos de desejar vida longa ao Crasso Sinestésico, e convidar nossos seguidores e ouvintes a sacar este discão. Ele já está disponível em todas as plataformas de streamings (Spotify, Deezer, Amazon Music, Apple Music, Bandcamp etc) e emplacou em menos de 1 mês de lançamento na gringa, por um selo de Istambul, a Kafadan Kontak.
Ouça o EP Eco aqui:
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