É com um misto de alegria e satisfação extrema, que entrevistamos o Zander, uma das bandas mais lendárias e influentes da cena brasileira independente!! São mais de 10 anos de estrada, com excelentes lançamentos, músicas icônicas e shows ‘sold out’ na bagagem.
Confiram o bate papo com o Gabriel (vocalista e guitarrista) sobre a trajetória da banda, as novidades, as curiosidades por trás da gravação de Dialeto 20 (uma versão impactante de uma antiga música deles, que ganhou uma roupagem nova com uma parceria pra lá de inusitada) e projetos futuros destes caras que são ícones do “do it yourself” brasileiro e estão na ativa, espalhando muita música boa, e mensagens bonitas para o público. Esta imperdível!!
1-Antes de qualquer coisa, fale um pouco sobre o surgimento do Zander?
O Zander surgiu logo após o final do Noção de Nada, pegando ideias que vínhamos trabalhando pra um possível próximo álbum da banda que não aconteceu. Eu e o Gabriel Arbex tínhamos muita vontade de continuar com essas músicas e convidamos o Phil (Philippe Fargnoli) pra produzir e ajudar a gente com algumas ideias. Daí as músicas foram tomando forma, acabamos tendo a vontade de montar uma banda e convidamos o Leonardo Mitchell, velho amigo que estava de mudança de Salvador pro Rio De Janeiro a fim de trabalhar sério com música e o Guta (Gustavo Tolhuizen) que tocava comigo também no Deluxe Trio e foi quem sugeriu o nome da banda pra dar de certa forma continuidade a tudo que vinha sendo feito de antes até aquele momento. Esse processo todo durou uns 2 anos, acho, mas datamos o início da banda à partir do primeiro show, que foi em 2009.
2-Quais as influências da banda?
Rock alternativo dos anos 90, do Emo ao grunge principalmente, mas também algumas coisas de música brasileira e punk rock melódico.
3- A sonoridade do Zander vai além do hardcore melódico, embora seja influência mais perceptível, falem um pouco sobre a sonoridade da banda?
Apesar de virmos do punk rock/hardcore, principalmente por conta de toda a trajetória com o Noção de Nada, não temos e nem queremos rótulos. Sempre tivemos a vontade de caminhar mais pro lado do indie/emo, alternativo, grunge e shoegaze.
Algumas vezes flertamos com o Stoner também, como no caso do EP’tizer e algumas outras músicas e algumas músicas são de fato bem hardcore melódico, mas como você disse, essa é apenas uma pequena parte do nosso som.
4- De onde veio a ideia de cantar hardcore melódico em português?
Nunca pensamos em fazer de outra forma, principalmente porque estamos no Brasil e tocamos pra pessoas que falam e entendem português. A letra sempre foi a parte mais importante entre a conexão da banda com o público, justamente por ser em português.
5- Os discos Brasa, Flamboyant e Vivo foram gravados de que forma? Nos fale um pouco sobre o processo de gravação destes registros?
Brasa e Flamboyant gravamos no nosso antigo estúdio, o Superfuzz no Rio de Janeiro, que infelizmente não existe mais. O Brasa foi um disco bem urgente que compusemos e gravamos tudo em uns 2 meses no máximo. Já o Flamboyant a gente tirou um mês pra compor e pré produzir numa casa de praia em Búzios/RJ e isso trouxe uma vibe bem especial pra ele.
Trabalhamos bem a pré dele e depois gravamos tudo muito rápido também em umas 2 semanas. Quanto ao “Vivo” gravamos realmente ao vivo, mas dessa vez no estúdio Costella, onde trabalho hoje em dia em São Paulo. Diferente também dos outros em que fizemos tudo, no “Vivo” a captação e a Mixagem ficaram por conta do nosso amigo Ali Zaher.
6 – Sobre o registro especifico do Vivo, ele foi gravado já com o batera novo, o Fermentão correto? É notável a assinatura dele e é impressionante que as músicas (mesmo antigas) tocadas neste disco com ele deram uma guinada, um gás absurdo, outra pegada para banda. A pergunta que faço é: vocês tiveram a mesma sensação? Como está sendo a experiência com esse line-up atual? Vem novidade por aí (disco novo, ep)?
Sim, tivemos e a gente concorda com tudo isso. A entrada do Caíque foi o que nos deu o gás necessário pra não só continuar com a banda, mas também de querer tocar e produzir muito mais a partir daí. A química entre nós quatro é algo absurdo que nunca senti em nenhuma outra banda e me fez me apaixonar de novo por fazer parte e viver ao máximo essa banda. Não sei se lançaremos um disco inteiro, mas temos cerca de 20 músicas já feitas com ele pra terminar alguns detalhes, gravar e lançar assim que possível.
7- Aproveitando o gancho da pergunta anterior, sobre som repaginado. Vocês acabaram de lançar um belíssimo clip da música Dialeto, totalmente inovadora, e com uma parceria especial do Vitin da Onze:20, fazendo um dueto nos vocais. O resultado ficou impressionante. Conte-nos um breve relato dessa parceria, como se concretizou?
Valeu! A gente também ficou bastante surpreso e curtiu muito o resultado! O Vitin começou a aparecer nas nossas redes sociais deixando likes e comentários na época em que lançamos o Flamboyant e desde lá já existia essa vontade de fazermos algo juntos.
Durante a pandemia, com tudo parado e agenda vazia de todos, entramos de fato em contato através de um grande amigo em comum, o Bruno Santinho (que inclusive foi o responsável pelo videoclipe), e durante esse papo resolvemos fazer uma versão juntos de uma música e ele escolheu cantar Dialeto. Depois conversando com a banda entramos na vibe de puxar pra um emão clássico, arrastado com muitas referências de shoegaze também, bastante efeitos e teclados.
Esse é o lado pra onde estamos caminhando e se a música tivesse sido composta hoje ela seria exatamente assim. Como gravamos cada um em sua casa, totalmente isolados e separados, não fazíamos ideia de que o resultado nos agradaria tanto. A participação do Vitin também ficou emocionante, ele colocou de fato o coração e a alma na música e o mais legal é que no final das contas, não houve estranhamento algum por parte de quem ouviu, muito pelo contrário. A resposta foi absurdamente positiva em todos os sentidos.
8-Diz aí, 5 livros/HQ’s, 5 filmes e 5 discos favoritos que você levaria para uma ilha deserta?
Filmes:
The Big Lebowsky,
Dançando no Escuro
A história sem fim
Feitiço de Áquila
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Discos:
Beatles – Revolver
Ramones – Road To Ruin
Nirvana – In Útero
Pearl Jam – Vitology
Fugazi – In On The Killtaker.
Livros:
A política sexual da carne
Get in The van
Biografias: Duff Mackagan, Kurt Cobain, Antony Kieds
9-Parafraseando o grande Bukowski em escrever para não enlouquecer, (o que vocês andam fazendo, ouvindo, lendo e assistindo) para não enlouquecer no atual momento em que passamos?
Muito networking, com lives tanto de bate-papo no Instagram quanto transmissão de música no youtube ou twitch, compondo e gravando músicas novas e estudando bastante como sobreviver de música num universo sem shows.
10 -Qual mensagem/conselho você deixaria aqui para bandas iniciantes? De que forma podem produzir seus discos e divulgá-los?
Primeiramente fazer, mesmo que fique ruim. Tudo é tentativa e erro e muitas pessoas vão tentar te derrubar pelo caminho, então foque sua atenção nas poucas que estão do teu lado sempre. Não mande Spam nem mensagem pras pessoas ouvirem a tua música, isso tem o efeito totalmente contrário. Faça, ponha no mundo, divulgue nas suas redes e tente criar algum tipo de coletividade com as bandas que estão começando também, uma rede onde uma divulga e ajuda a outra. Faça a sua parte antes de cobrar algo de outros.
11 – Obrigado por ceder a entrevista!! Deixo o espaço livre para vocês deixarem alguma mensagem aqui para nosso público e os fãs de vocês.
Valeu! Muito obrigado pelo espaço e carinho! Quem puder e quiser, nos siga pelo Instagram e interaja diretamente com a gente por lá! Grande abraço!
Confira o link das redes sociais da banda
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