Quando o assunto é cinema pensamos logo em filmes badalados e recheados de atores esperando o momento certo para morder a estatueta do Oscar, certo?
Errado. Assim como a indústria do cinema nos joga na cara inúmeras atuações que merecem todo ouro do mundo, também é injusta com atores e atrizes, fazendo-os ir do céu ao inferno e jogado-os no limbo eterno das películas.
Por que justamente esse ator?
Para entender melhor essa história de limbo eterno do cinema, não poderíamos trazer outro ator senão o americano Adrien Brody.
Considerado numa época distante por meia dúzia de críticos de Hollywood como o “novo Al Pacino” eu sei pode parecer forçado, mas isso brotou da boca de caras que entendem de cinema e não das raposas desse humilde blog. Bem, sigamos.
Brody conquistou o oscar em 2003 pela brilhante atuação em O Pianista, do queridinho Roman Polanski. Depois disso, atuou em outros filmes e beirou os prêmios mas nunca conseguindo atingir o topo. Trazendo um clichê, Adrien Brody é o tipo de ator que ou você ama ou odeia.
Tirando os filmes da lista como King Kong e Camisa de Força (2005), Splice, a nova espécie (2009), O Grande Hotel Budapeste (2014) e Manhattan Nigth (2016) existe um filme que muitos nem lembram mas que possui uma atuação interessante de Brody.
Um pouco sobre a produção do longa
O Substituto é um drama independente e obrigatório a todos que possuam alguma relação com a educação. É um filme onde Brody interpreta um professor suplente que vive passando de escola em escola para se manter.
Henry Barthes, o professor, enfrenta diversas dificuldades e faz com que todos os espectadores percebam o quão dura pode ser a vida e rotina de um professor de escola pública.
Atormentado por um conflito familiar do passado, Henry segue sua vida sempre se preocupando em não criar vínculo por onde passa. O filme todo é montado para incomodar e mostrar que a vida de uma pessoa pode ser vazia o suficiente para não ser vivida.
Mas Henry insiste na dura missão de viver. Prostituição, conflitos familiares, depressão, bullying, violência escolar, preconceito, esses são apenas alguns dos inúmeros temas que o filme aborda em 1h 37 minutos.
A forma como Brody atua dentro do roteiro é muito interessante. É um papel que caiu perfeito para ele. Sua expressão vazia e de sofrimento ganha ainda mais veracidade pelo modo como ele se move em cena. Ombros curvados e caídos, típico num sujeito que tem um peso imenso sobre as costas.
A fotografia do filme, dirigido por Tony Kaye, é toda em cores sem vida. Cinza, preto e branco. Tudo colabora para a atmosfera opressora do filme. Existem sequências no longa que incomodam. Na verdade o filme todo incomoda.
O fato de Adrien Brody sorrir apenas uma vez durante o filme, e ter seu rosto sempre enquadrado carregado de uma profunda indiferença e tristeza torna O Substituto um filme excelente, contrariando as críticas contra ele.
Com o papel do professor sobre os ombros de Adrien Brody é possível pensar fielmente a respeito da importância do papel do professor na vida de seus alunos e de como a sociedade depende desse profissional que a cada dia se torna mais e mais desvalorizado e esquecido. Largado num limbo eterno. Esse papel não poderia ser de outro ator que não Brody.
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