Megatops – Das obscuridades antigas do rock’n’roll ao Garage Punk

1-Antes de qualquer coisa, fale um pouco sobre o surgimento do Megatops?

Da forma mais fofa possível. Em uma semana de namoro, a gente já estava montando uma banda.

2- Quais as influências da banda?

Ouvimos todo tipo de bizarrice, principalmente coletâneas de obscuridades antigas do rock’n’roll, blues, surf, rockabilly e até country. Bandas da cena garage punk como Cramps, Pussy Galore, Gories, também influenciaram bastante e fizeram um bom trabalho em nos mostrar que existia punk bem antes de 1977.

3- Porque um duo e como a logística de um duo impacta ao marcar shows?

Para o som que tocamos não precisa muito mais que uma guitarra suja e batuques primitivos, o que torna muito fácil conciliar a banda com a nossa rotina corrida. Tanto que já rolou marcar shows em cidades como São Paulo e Curitiba com uma semana de antecedência quando houve oportunidades inesperadas de viajar.

4- Como é ser guitarrista e baterista numa formação de duo?

Achamos que o formato da banda induz à uma reciclagem simplificada das músicas que gostamos, o que cria uma estética mais autêntica, que reflete tanto nossas fantasias como nossa realidade.

5-O EP “Megatops” foi gravado de que forma? Nos fale um pouco sobre o processo de gravação destes registro?

Devido à nossa falta de tempo e grana optamos pela boa e velha gravação caseira com a ajuda do nosso amigo Ariel Teske. Gravamos a bateria e parte da guitarra na casa dele e o resto no nosso apartamento aqui em Blumenau.

6-Diz aí, 5 livros/HQ’s, 5 filmes e 5 discos favoritos que você levaria para uma ilha deserta?

Livros:

  1. Por uma arte revolucionária independente – André Breton e Leon Trotsky.
  2. Mulheres, Raça e Classe – Angela Davis.
  3. Mate-me Por Favor – Legs McNeil e Gillian McCain.
  4. Os Homens que Não Amavam as Mulheres – Stieg Larson.
  5. Super Natural Strategies for Making a Rock’N’Roll Group – Ian F. Svenonius.

Filmes:

  1. Mamilos em Chamas (Gurcius Gewdner).
  2. Scorpio Rising (Kenneth Anger).
  3. Pink Flamingos (John Waters).
  4. À Meia-Noite Levarei Sua Alma (José Mojica Marins).
  5. Wild Zero (Tetsuro Takeuchi).

Discos:

  1. V. A. Twisted Tales from the Vinyl Wastelands Vol. 6 – Strange Happenings At Boonies.
  2. V.A. Joe Meek: Complete Independent Productions 1961-62.
  3. V.A. The International Vicious Society Vol. 4.
  4. V.A. Songs The Cramps Taught Us Vol. 1.
  5. V.A. Shakin’ Fit!

7 – A Duda toca bateria numa vibe meio Maureen Tucker (The Velvet Underground) ? Em que momento optou por tocar apenas surdo, caixa e pratos?

Foi com o Megatops que a Duda descobriu que podia tocar bateria, na verdade. Acho que gostamos de rock’n’roll justamente por ser um gênero acessível, não requer muito conhecimento técnico e está no alcance qualquer pessoa que goste e tenha o ouvido para a música. Sem falar do aspecto primitivo que isso dá pra coisa, o que nós adoramos.

8-Qual mensagem/conselho você deixaria aqui para bandas iniciantes? De que forma podem produzir seus discos e divulgá-los?

Somos defensores do “faça você mesmo”. O que a gente sempre tenta passar para frente é que a música é a forma mais pura de arte, e é sua obrigação fazer isso para você e não para os outros. Somos contra gravadoras da grande mídia e os padrões que tentam impor, tratando a música e o artista como mercadoria. Se você quer fazer uma arte revolucionária, não siga estes padrões.

Como já falamos, buscamos não depender de muitos recursos e parcerias para fazer a coisa acontecer. Se não tiver ninguém para tocar, toque sozinho. Se não tiver grana pra estúdio, grave em casa com o microfone do computador e f*da-se. Também é legal ter contatos com o pessoal dos selos, mas essas relações são construídas com o tempo e muita estrada.

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Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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