Mestre contador de histórias, Jorge Amado supera as expectativas com o romance Jubiabá. Romance publicado em 1935 faz parte da produção dos chamados romances de 30, e que ao lado de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Érico Veríssimo, completam a linhagem de autores que usaram do regionalismo e problemas sociais para expor um Brasil esquecido.
Jubiabá conta a história do negro Antonio Balduíno. Embora muitos considerem Capitães da Areia, Dona Flor e Gabriela como seus maiores romances, esse livro não deve ficar de fora da lista.
Baldo é um negrinho que cresce ouvindo as histórias dos homens mais famosos de Capa Negro, famoso morro de Salvador. Sua infância tumultuada, sem pai, nem mãe, e a tia louca, o obriga a viver sem rumo, entregue as ruas, becos e botecos de uma Bahia humilde, repleta de dramas, amizades e amores ardentes.
O livro na realidade vai muito além de uma história protagonizada por um negro. É uma crítica mordaz sobre o preconceito, a desigualdade e descaso social. Jorge Amado dá brilho ao enredo, completando a história de Baldo, com a de homens como Zé Gordo, um sujeito que acredita em anjos e adora contar histórias de sua avó, que nem sabe se existe. Pai Jubiabá, o pai-de-santo herói e conselheiro de Baldo, e as peripécias de um grupo de mulatos arruaceiros que vivem de esmolas.
A narrativa de Jubiabá, como se espera num romance de Jorge Amado, nos ajuda a refletir sobre o papel do negro em nossa sociedade. Mas, além disso, vemos que ao lado de Antônio Balduíno, muitas outras figuras excluídas ganham vida e voz, fazendo com que as páginas do livro transbordem de amargura, dor, solidão, mas também esperança e força, qualidades que os personagens criados por Jorge Amado tem de sobra.
Jubiabá é um romance que supera as expectativas de grande parte dos leitores. Sejam eles conhecedores ou não da obra do mestre Amado.
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