Jair Naves e a sútil arte de encantar com apenas violão e voz

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Show de Quintal na Moxei com Dance of Days

Eis uma entrevista inesperada, fomos ao show do DOD na casa do Nenê Altro, sabíamos que o show do Jair Naves iria ser intenso, intimista e cativante. Só não sabíamos, que haveria a chance de entrevistá-lo. Não tínhamos sequer um roteiro ou esboço do que poderíamos perguntar, e ainda havia mais um agravante, adoro o Ludovic e havia assistido show deles no festival Sinfonia de Cães, vi Jair e sua trupe quebrar literalmente tudo, olha que na época (2004) havia Hurtmold, Marcos Butcher e outra bandas de peso da cena paulista. Jair não só nos concedeu uma entrevista muito interessante, como foi muito bacana e nos tratou muito bem. Agradeço desde já a empatia, o carisma e a motivação que nos mostrou em apenas 5 minutos de conversa e em seu show, que foi contagiante.

De onde saiu a ideia do nome para o novo disco? 

E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando A Sua Fuga, Cavando O Chão Com As Próprias Unhas é um disco que fala sobre a vida adulta basicamente, dedicar  maior energia da sua vida, no trabalho. O disco é muito sobre relações humanas e profissionais depois de uma certa idade da vida.

Qual a diferença do Jair Naves (solo) para o Jair Naves (Ludovic)?

È uma outra etapa da vida, é uma continuação, não são coisas tão distintas, o Ludovic foi minha iniciação musical. Comecei a tocar, porque gostava muito de Punk Rock e acreditava que todo mundo pode se expressar artisticamente e musicalmente. Na época não tinha tanto domínio técnico do instrumento que tocava e nem da minha própria voz, era quase uma terapia do grito, uma coisa terapêutica mesmo. Hoje em dia tenho um conhecimento musical maior e um pouco mais amadurecido. Influências mais novas e estou um pouco mais velho, fazendo há muito tempo isso, adquiri algumas coisas. Acho que a veia Punk Rock que prioriza a parte emocional e passional, a técnica continua presente e é isso que me norteia ainda.

5 livros, 5 filmes, 5 bandas?

Capitão de Areia – Jorge Amado
Uma temporada no inferno – Arthur Rimbaud
Reparação – Ian McEwan
O Ateneu – Raul Pompéia
O filho eterno – Cristovão Tezza

A Estrada da Vida – Federico Fellini
Tarnation – Jonathan Caouette’s
Paris, Texas – Wim Wenders
Caso dos Irmãos Naves – Luís Sérgio Person
Barry Lyndon – Stanley Kubrick

The Smiths
The Beatles
Nirvana
Joni Mitchell

Como você vê a influência da banda na vida das pessoas?
Minha motivação maior e o que me comove, não é nem que as pessoas tatuem meu nome ou conhecer mulheres, não é isso. Acho que o maior papel de um artista na minha condição e na condição de outras bandas independentes é muito de estímulo, sabe… sinceramente não teria criado coragem para fazer minhas músicas, senão fosse as bandas dos anos 90 independentes, como Dominatrix e outras bandas clássicas brasileiras. Pois quando era adolescente, era super-tímido e inseguro, ouvia as pessoas fazendo isso e me sentia muito estimulado e DOD tem este papel muito importante de encorajamento. O que mais me comove, é quando alguém diz “fiz uma música porque vi você tocando e tive vontade de falar uma coisa que senti”. Todo resto é secundário…

Site:http://www.jairnaves.com.br/

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

2 Comentários

  1. Isaias
    maio 8, 2014
    Responder

    Salvação da música brasileira <3

    • Diego Fernandes
      maio 8, 2014
      Responder

      Um dos maiores compositores da atualidade.

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