Jack London desponta como uma das principais personalidades da literatura norte-americana do século XIX. Sua vida repleta de aventuras nos faz praticamente esquecer que ele faleceu jovem, de falência renal e não suicídio como muitos na época pensaram, no auge de seus 40 anos.
London nasceu em San Francisco em 1876. De uma família não muito normal, seu pai era um professor decadente e sua mãe uma filha desgarrada de um povoado esquecido de Ohio.
Desde pequeno Jack apresentou traços de um nervosismo exacerbado, e num contraponto maluco, uma sensibilidade tremenda.
“As portas que conduzem ao êxito literário têm cães de guarda: os editores, que são escritores fracassados.”
Seus primeiros trabalhos, antes das histórias que viriam elevá-lo ao posto de um escritor de sucesso em solo americano, foram os mais estranhos possíveis.
Foi pirata de ostras na baía de San Francisco, vendeu jornais, lavou roupas de marinheiros numa lavanderia de cais e embarcou em viagens de barco para o Japão e outros países mundo afora, além de ser preso por vagabundear pelas ruas e pegar carona em vagões de trem sem pagar a passagem.
Tudo isso serviu de base e inspiração para constituição de sua obra. O próprio London costumava dizer que seus livros não eram meros relatos de aventuras, mas sim narrativas com significado, uma carga de moralização.
Nelas ele falava sobre o darwinismo, socialismo e materialismo. Isso se deve possivelmente a sua educação formal nos bancos escolares de Oakland e na Universidade da Califórnia, onde teve contato com as obras de Melville, Zola, Tolstoi e Darwin.
“A verdadeira função do ser humano é viver, não existir. Por isso, não vou desperdiçar os meus dias tentando prolongá-los. Quero aproveitar o meu tempo.”
Muitos outros mestres literários passaram por suas mãos, diz a lenda que ele chegava a ler durante 19 horas seguidas.
A grande sacada que o jogou no caminho da escrita foi quando conseguiu publicar seu primeiro conto realista, An Odyssey of the North, sobre a glamorosa e sofrível corrida do ouro no Alasca, publicado numa revista.
Podemos dizer que todos os livros de London são baseados em sua vida. O Lobo do Mar, onde conhecemos a figura do capitão duro na queda, Lobo Larsen, talvez o único personagem da literatura que pode desfiar o outro capitão casca grossa, o Ahab de Melville em Moby Dick.
Os lobos e cães violentos que desafiam o gelo e os homens em Caninos brancos e O chamado da floresta são os personagens principais nessas duas narrativas, algo praticamente inédito na época.
Apesar de ter morrido cedo, John Griffith, seu verdadeiro nome, nos deixou mais de 50 livros, dos quais grande parte foram escritos inspirados em sua vida.
Ler seus romances é ao mesmo tempo conhecê-lo por dentro. Ele é um dos poucos autores no mundo, com exceção de Hemingway , que não podemos separar a vida real da ficção.
“O homem distingue-se dos outros animais por ser o único que maltrata a sua fêmea.”
Ao ler as páginas de O Lobo do Mar, por exemplo, é difícil não imaginar o jovem repleto de sonhos e angústias que ele era, no papel do protagonista sofredor.
A famosa frase “a arte imita a vida” cai como uma luva na vida de Jack London. E que assim como muitos outros escritores, viveu intensamente e deixou um legado de boas histórias que continuam nos encantando.
Vá em busca de alguma das aventuras da lista.
PRINCIPAIS OBRAS – Caninos Brancos – O Lobo do Mar – O Chamado da Floresta – Martin Éden
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