Se vocês acham que entendem um pouco sobre ética, além de outros conceitos morais, tais como, escolhas sem valores, corrupção, política vergonhosa entre outros, chegou a hora de ler Ética e vergonha na cara! De Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho.
Debate fluído, que mais parece uma conversa de amigos, consegue cativar nas primeiras páginas com a história do corredor espanhol Ivan Fernandez que avisou o corredor queniano Abel Mutai que havia parado antes da linha de chegada. Embora imaginasse que havia vencido, Ivan decidiu empurrar o queniano até a linha de chegada, Ivan indagado por inúmeros jornalistas. Responde ao Jornal El País:
“Eu não merecia vencer. Eu fiz o que tinha que ser feito. Ele era o real vencedor da prova, liderava com folga e eu não tinha condições de vencer. Ele (Abel Mutai) cometeu um erro e, assim que vi isso, eu sabia que não poderia me aproveitar da situação”.
O que para muitos parece ser loucura, para Ivan Fernandez, faz parte de sua bagagem, embora seu técnico tenha o advertido com veemência.
Clóvis de Barros Filho faz um adendo em relação ao poder de escolha das pessoas, de que forma as pessoas se isentam de escolher, porque escolher é tarefa árdua, até para os sábios:
“Que tipo de literatura realmente vende numa livraria? ‘Dez lições para isso’, ‘Dez lições para aquilo’, ‘Como eliminar seu chefe’, ‘Como passar a perna no seu adversário’, ‘Como dar prazer na cama’, ‘Como não sei o quê’.
Por que livros assim vendem muito? Pois queremos, de certa maneira, tirar de nós, a necessidade de ter que escolher a cada momento – porque as escolhas são difíceis.
“Escolher é um abacaxi (…). Então o que indivíduo faz? Compra uma vida: ‘Os 7 hábitos das pessoas felizes’ (…) E deverá surgir ‘o oitavo hábito’, porque os sete primeiros claudicaram. Ora, e por que isso vende tanto? Porque o indivíduo prefere uma solução pronta a outra que ele tenha que buscar” (pág. 65)
Sobre o meio como o transgressor da ética, mas que no final das contas ainda é possível dizer não e sair do lugar comum:
“O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção” (MARX; ENGELS, 1999, p. 28)
Clóvis ratifica a ideia de que se pode fugir do pensamento de Marx, lutando contra o meio em que se vive, embora a batalha seja árdua, a vitória será excepcional para o vencedor.
Cortella continua sobre a questão do sistema em nossas vidas:
“No que diz respeito ao sistema, por exemplo, não é porque a instituição matrimonial vive um momento de crise em nossa sociedade, que o mesmo tem que acontecer com o meu casamento; ou seja, não é uma obrigatoriedade, não é um imperativo”. (pág.66)
Mas Cortella ainda afirma, que o sistema pode haver falhas e que a corrupção, mesmo que em uma instituição matrimonial, pode ser corrompida. Como todos nós estamos propensos a subverter a ética, subornando, mentindo, aliciando, enganando e puxando o tapete das pessoas. Fica a dica, leiam a Ética e vergonha na cara de Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho.
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