Gravado à distância durante a quarentena, “Os Almeida Ficam em Casa” é uma crônica multifacetada e com ar de piada do Brasil bolsonarista
Com 13 faixas de estilos variados, o álbum de estreia dos Almeida pinta um retrato escrachado do momento atual por que passa o país, abordando temas como as queimadas na Amazônia e Pantanal e o escândalo das rachadinhas que envolve a família presidencial.
“Os Almeida Ficam em Casa” está disponível gratuitamente a partir desta última sexta-feira (2/10) em http://osalmeida.bandcamp.com/ e sairá também em CD pelo selo Abbey Roça. O lançamento em formato físico está previsto ainda para 2020.
Entre os assuntos e gêneros musicais explorados pela dupla estão um country das antigas sobre o trator que o governo Bolsonaro está passando no meio ambiente durante a pandemia (“Passa Boi”, primeiro single e faixa que abre o disco), um hip hop cuja letra foi retirada da fala do ministro da economia na famigerada reunião ministerial de 22 de abril (“The Fresh Prince of Brasília”), uma marchinha de carnaval tecnobrega sobre comércio de chocolates de luxo e lavagem de dinheiro (“Marcha do Chocolate”), uma guarânia paraguaia sobre a paixão enrustida de um ex-juiz convertido em político (“Grasnando Escusas”), e até um R&B de motel sobre um boato de caso de adultério entre personagens do alto escalão federal (“Igreja do Amor”). E ainda synthpop, samba canção, hard rock, funk/soul, entre outros estilos.
Completam o álbum duas versões em português de hits estrangeiros: “The Beatles”, homenagem do cultuado músico Daniel Johnston ao quarteto de Liverpool, vira uma homenagem ao próprio Johnston, que faleceu ano passado, em “Daniel”.
Já “Na Estrada” é uma versão esperançosa de “On The Road Again”, de Willie Nelson, e conta com a participação vocal de um cachorro chamado Willie Nelson, que também figura na capa do single de “Temporada em Atibaia”, e um coro de amigos que gravaram suas participações em áudios de celular.
Os Almeida são uma dupla formada em 2005, em São Carlos (SP), com o objetivo de compor e gravar discos sempre em um só dia, de modo improvisado e lo-fi, com influências de Ween e KLF. Eles batizaram esse estilo de composição e gravação aceleradas de “modo Almeida de gravação”, adotaram os pseudônimos Richard Almeida e Moisés Almeida, e lançaram diversos singles e EPs temáticos desde então, como “Os Almeida Vão ao Cinema Vol. 1”, “Uma Noite no Karaokê”, “Os Almeida Vão ao Arcade” e “Os Almeida vão à Jamaica”, entre outros.
Corta para 2020. Impossibilitados pela pandemia de se encontrar para gravar, já morando em cidades diferentes, Richard e Moisés decidiram fazer um disco à distância, cada um em sua casa. Como dessa vez não daria para seguir o modo Almeida, resolveram lançar um álbum completo e melhor produzido, mas mantendo a essência lo-fi na concepção (e usando apenas dois microfones de 30 reais). É este “Os Almeida Ficam em Casa”.
Os Almeida são:
André (Pulselooper, Palace Hotel, McQuade) e Daniel (Turba Violenta, Name it Yourself)
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Abbey Roça:
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