A andança dos dias parece não acabar nunca. O calendário não para. O meio do ano chegou com chuva, frio e lambanças políticas. Agulhas caras e rostos sem esperança, esperando os resultados das próximas rodadas daquele campeonato que não deveria existir.
Quando vemos na praça, vazia, uma pessoa aqui outra ali, de máscara, andando apressada, nos damos conta do tamanho do problema em que nos metemos.
É estranho pensar que em todo lugar, da capital ao centro rural perto de cada um, existe, de uma forma ou de outra, corações cheios de esperança e que nunca abraçam uma consolação.
Nos anos que passaram, dentro de uma sala de aula, vi entrar um e sair outro, notei risadas e choros pelos cantos. Resmungos e indagações repletas de desejo de mudanças.
Mas o que respondi e ainda respondo? Ou o que responderei na próxima questão lançada a mim enquanto dou conta das papeladas burocráticas? Tem coisas que não precisam de resposta. Alguns exercícios não tem resolução. A vida é um caderno em branco e que às vezes dá preguiça de preencher.
Outro dia, dando aulas no ambiente lindo e virtual, me deparei com uma turma desanimada, resmungona. Eles queriam sair, curtir a vida, olhar o mundo lá fora. Queriam viver.
Eles e o resto do país, é claro. A entrega deles para os estudos é a mesma que um soldado ferido em meio ao dia D. Dia de aula, segunda de manhã, terça de tarde, estudar em qualquer horário é uma tortura regada a telas e câmeras.
As cobranças dos pais, das mães e te todos os lados deixam o menino sem norte, a garota sem rumo, uma lacuna que não será preenchida nunca, ninguém quer olhar para trás e ver o que já enfrentou, assim como ninguém quer olhar para frente e ver o que ainda está por vir.
E assim mais uma semana se inicia, cheia de desesperança e incertezas com o mundo lá fora.
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