Como foi o processo de gravação do Fake North, novo álbum dos mineiros da Broken Gate

O duo mineiro vem fazendo barulho pelo Brasil, com seu álbum de estreia intitulado de Fake North, um disco com 10 faixas de Rock n’ roll aliado a várias misturas que fazem a cabeça de João e Leandro. 

Lançado pela Dinamite Records, eles falam de como foi fazer esse trabalho. 

Mudança de nome?

O projeto nasce com o nome de Double Shot, mas é com Broken Gate que eles afirmam essa tal mudança,e eles contam como decidiram optar por essa decisão: “A mudança de nome teve motivos mais pragmáticos do que muita gente imagina. Basicamente, foi devido ao fato de que já existiam outros projetos com o nome “Double Shot”. O fato de que existiriam vários projetos com o mesmo da banda provavelmente acabaria gerando uma dificuldade para o público acessar facilmente o nosso trabalho (principalmente nas plataformas de streaming). Além disso, caso um desses projetos já tivesse o registro do nome, poderia gerar algum outro tipo de complicação futura e demandar uma mudança de nome após já termos lançado o nosso primeiro álbum, o que seria uma mudança bem mais complicada”. explica João. 

O que soa nos fones de ouvido da banda?

João fala das suas influências: “Tenho ouvido bastante algumas bandas que já curto há bastante tempo e lançaram novos trabalhos esse ano. Tenho ouvido muito Royal Blood e Ego Kill Talent, principalmente os álbuns que as duas bandas lançaram em 2021, que são trabalhos excelentes. Além dessas bandas, Kasabian, Blood Red Shoes, Mumford & Sons, Queens of the Stone Age, Rival Sons, Tame Impala e Elton John têm sido bastante presentes no que venho ouvindo. Ah, e não ficando de fora do hype, também tenho escutado Måneskin”

“Nos últimos dias tenho ouvido muito Ego Kill Talent, Deftones, Arctic Monkeys, a

A-ha, Tame Impala e Sade. Além desses artistas, bandas de metal como Sepultura, Gojira e Jinjer também são parte da minha trilha sonora no período recente” cita Leandro. 

Influências na sonoridade?

O formato de duos vem em crescente ascensão nos últimos tempos vide cenário nacional ou internacional, como isso influência no trabalho de vocês? “Algumas bandas, como Royal Blood e Blood Red Shoes geram uma influência em perceber como bandas no mesmo formato que o nosso (o formato de rock duo) vão evoluindo ao longo do tempo e trabalhando suas nuances e particularidades. Os riffs marcantes e suas diferentes maneiras de fazê-los ficarem com corpo e com peso, se destacando nas músicas de diferentes bandas também nos influenciam bastante: como o fuzz se destaca nos riffs de algumas bandas, como as afinações diferentes da afinação padrão ou uma pegada vintage se destacam em outras. Há também as bandas que fazem a gente lembrar de às vezes “tirar o pé do acelerador” nas nossas composições, influenciando nas nossas músicas com uma pegada mais leve”.

“Além disso, até mesmo na hora de pensar no lado mais business da banda há influências dessas bandas no nosso trabalho. A Ego Kill Talent, por exemplo, é uma banda que nos influencia tanto pela parte musical como pela maneira como trabalha a sua carreira. Acompanhar uma banda brasileira com um som contemporâneo e pesado, composições em inglês e que faz um trabalho super consistente e de qualidade, trabalhando muito bem a sua inserção em cenas de outros países, nos influencia bastante. Acompanhar o trabalho deles é tanto inspirador como dá boas dicas pra artistas que ficarem atentos” enfatiza João. 

Registro Audiovisual?

Fighter é uma das faixas de Fake North, dos quais recebeu um belo lyric vídeo que alavancou a imagem e som da banda. 

“Bom, foi uma parceria com a galera do selo do qual fazemos parte, da Dinamite Records. A ideia surgiu num momento em que a pandemia restringia muito as atividades da banda e o pouco que podíamos fazer era algum conteúdo online, trabalhando à distância com a equipe da Dinamite”.

“Daí surgiu a ideia de, antes da estreia do álbum, lançarmos o lyric video de “Fighter”, que havia sido o último single antes do lançamento do nosso álbum na íntegra. Graças ao grande trabalho do Vitor Graf, foi possível transformar as imagens que gravamos na casa do Leandro (no espaço onde costumávamos ensaiar) no lyric video” explica João. 

https://youtu.be/hjDEgHjO_0o

Ambições com Fake North? 

“Acho que a primeira pretensão é mostrar a nossa cara, Fake North é um álbum que mostra como a Broken Gate faz rock à sua maneira. Além disso, o álbum tem a pretensão de firmar a Broken Gate como uma banda autoral, que vai dar foco às suas próprias composições dele em diante, mais do que nunca. Por fim, temos a pretensão de, tão cedo quanto situação da pandemia permitir, apresentar as músicas desse álbum ao vivo no máximo de lugares possíveis. Já estamos sonhando com poder voltar a ter a agenda cheia e voltar a pegar estrada pra tocar” afirmou João. 

Parceria Dinamite Records?

Responsável por ser um dos selos que mais incentiva novas bandas no cenário brasileiro, eles assinam esse trabalho da Broken Gate. 

“Acho que a primeira vez que vi o trabalho do selo foi passando pela página deles no Instagram. Depois, vi que algumas bandas da nossa cidade (Juiz de Fora), que também faziam um trabalho de rock com uma pegada pesada tinham assinado com a Dinamite Records. Lançar o nosso primeiro álbum pelo selo foi uma experiência bem bacana. Fazer parte de um catálogo composto por bandas com bons trabalhos e com uma sonoridade em sintonia com o nosso estilo é algo muito interessante. Além disso, contar com a parceria do selo ajuda a desenvolver melhor o trabalho da banda. Ter o apoio de uma equipe na parte de assessoria, merch, além da criação de alguns materiais (como foi o caso do lyric video de “Fighter”), é algo que ajuda bastante o nosso trabalho como banda independente” conta João. 

Juiz de Fora e a pandemia?

“Juiz de Fora tem uma cena musical muito ativa e diversa, são vários artistas de diferentes gêneros musicais se apresentando toda semana em diferentes casas. É um cenário que acho muito efervescente, principalmente se tratando de uma cidade que não é capital. São vários eventos durante todo o ano, incluindo festivais tradicionais, como o JF Rock City”.

“Para dar uma noção a quem não conhece o festival, trata-se de um festival encabeçado pelo produtor Luqui Di Falco, com uma ênfase beneficente desde a sua criação em 2007, dando espaço a diversas bandas do cenário local, que muitas vezes se mesclam a bandas consagradas de fora do cenário juizforano. Como exemplos, em 2015, o festival trazia André Matos para tocar ao lado de bandas locais. Em 2018, mesclava o cenário local com shows de nada menos que Sepultura e Dead Fish”.

“Além disso, estamos vendo um número cada vez maior de artistas se dedicando a trabalhos autorais, fortalecendo essa cena e produzindo muito material de qualidade, por mais que ainda haja um forte apelo comercial de eventos de bandas covers. Ver esse movimento ganhando mais espaço e fortalecendo uma cultura de artistas se jogarem de cabeça em suas composições, sendo bem recebidos, é bem animador. Vale lembrar que não temos nada contra os repertórios de covers, com certeza a cena aqui pode abraçar todos os tipos de trabalho musical. Mas ver um movimento de música autoral ganhando corpo é sempre muito bom” alega João. 

Futuro da banda?

“Em primeiro lugar, voltar a fazer muitos shows divulgando o nosso primeiro álbum, “Fake North”. Queremos, assim que uma melhora do cenário da pandemia permitir, voltar a ter a agenda cheia e pegar estrada o máximo possível, trabalhando o nosso álbum. Com a situação da pandemia normalizada, eu (João) vou voltar a estar morando em São Paulo e queremos nos aproveitar disso, nos movimentando mais em cenas diferentes, fazendo a banda crescer mais, fazendo muito a ponte JF-SP e todas as outras pontes possíveis”.

“Nesse período de pandemia, também já vêm surgindo novas composições e queremos trabalhá-las em 2022. Evidentemente, o nosso foco será a divulgação do álbum “Fake North”, mas voltar a gravar no próximo ano já é algo que está no nosso planejamento” encerrou João.

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*Entrevista por German Martinez 
Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

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