Galera, o podcast de hoje está repleto de charme e belas vozes, não, não estamos falando das vozes toscas e engraçadas dos apresentadores! Tito Cepoline, Diego Fernandes e Felipe Terra, comandam o episódio sobre Ella Fitzgerald e Billie Holiday, duas divas do jazz e que não poderiam passar batido em nossa série sobre os grandes do jazz.
Muitas risadas e conteúdo de qualidade sobre esse estilo que encanta e continuará encantando gerações e gerações. Aumenta o som e bora ouvir nosso podcast.
CURIOSIDADES
**Ella Fitzgerald , através do talento de sua voz, durante sua trajetória, ficou conhecida no mundo artístico como First Lady of Song, Queen of Jazz, e também Lady Ella!!
** Mencionamos no podcast que Ella curtia um som da Billie Holiday
A música “You Better Go Now” era a preferida que Fitzgerald adorava ouvir.
Uma curiosidade sobre elas – que ficariam amigas anos mais tarde é que durante os anos em que Fitzgerald foi o vocalista da banda do Chick Webb, aconteceu um fato curioso em que as duas cantoras competiram entre si com suas respectivas bandas.
Era Janeiro de 1938 e Billie Holiday se encontrava como vocal da banda de Count Basie. As duas bandas, Basie e Webb tiveram uma batalha no Savoy Ballroom . Chick Webb e Fitzgerald foram declarados vencedores pela revista Metronome, enquanto a revista DownBeat declarou Holiday e Basie os vencedores.
Fitzgerald ganhou, o desempate foi uma enquete com a audiência do programa.
**Ella Fitzgerald casou-se duas vezes
A primeira vez em 1941 – mas o cara era um traficante – se divorciou em 1943
A segunda vez em 1947, como baixista Ray Brown, amigo de estrada.
Ficaram juntos até 1953. Esse período foi de muita conquistas e reencontros afetivos. Ella reencontrou sua meia irmã (que falamos no podcast, foram separadas quando a tia a colocou num orfanato, e desde então não tinha conseguido mais contato) e adotou o filho dela, pois a menina se tornara mãe solteira e não tinha condições financeiras ideais para cuidar da criança.
E perdoou a sua tia, deixando a criança adotada aos cuidados dela, devido aos compromissos e agenda da estrada
**Fitzgerald era uma ativista dos direitos civis e usava seu talento para quebrar barreiras raciais em todo o país.
Em 1949, Norman Granz recrutou Fitzgerald para o Jazz at Philharmonic .
O fest daquele ano visaria especificamente locais segregados.
Granz exigiu que os promotores garantissem que não houvesse assentos “coloridos” ou “brancos”.
Ele garantiu que Fitzgerald recebesse salários e acomodações iguais, independentemente do sexo e raça dela. Se as condições não fossem atendidas, os shows seriam cancelados.
** Não mencionamos no bate papo, mas Ella Fitzgerald morreu em sua casa em decorrência de um derrame em 15 de junho de 1996, aos 79 anos.
Ella sofreu de diabetes por vários anos, o que levou a inúmeras complicações, a pior delas, em 1993, quando ela teve que amputar as duas pernas abaixo do joelho devido a esses efeitos, além de ter comprometido a visão.
**Em 2019, Ella Fitzgerald: Just One That Things , um documentário de Leslie Woodhead , foi lançado no Reino Unido. Apresentava imagens raras, transmissões de rádio e entrevistas com Jamie Cullum, Andre Previn, Johnny Mathis e outros músicos, além de uma longa entrevista com o filho de Fitzgerald, Ray Brown Jr.
BILLIE HOLIDAY
** A cantora sempre teve uma personalidade forte, e desde o inicio da carreira, não levava desaforo para casa.
De 1937 a 1938 ela trabalhou na bigband de Count Basie, porem foi demitida em Fevereiro de 1938. Ela sempre reclamava das más condições de trabalho e que as viagens da banda eram muitas vezes ruins, que eles realizavam muitas noites em clubes, passando de cidade em cidade, tendo pouca estrutura e estabilidade pra descansar, além de se queixar de baixos salários.
Quando ensaiava com a banda, ela não aceitava pitacos dos músicos e o timbre da sua voz deveria sair como ela queria, pois ela sabia como queria soar e ninguém da banda podia dizer a ela o que fazer. Isso gerou um enorme atrito com Jimmy Rushing, vocalista masculino da banda de Basie, que a chamou de não profissional.
Billie Holiday foi demitida por ser temperamental e muitas vezes irredutível em cantar certas músicas solicitadas ou mudar seu estilo vocal.
** Em Março de 1938 Holiday foi contratada por Artie Shaw um mês depois de ser demitido da Count Basie Band. Essa parceria nova a colocou entre as primeiras mulheres negras a trabalhar com uma orquestra branca, algo incomum na época.
Foi também a primeira vez que uma cantora negra empregada visitou em tempo integral o sul dos EUA segregado como uma líder de uma banda de brancos.
Mas algumas situações foram bem desfavoráveis nesse período, e ela caiu fora da banda em menos de 1 anos também.
Muitos episódios de racismo diversos, junto com o fato de que Holiday não podia cantar tão frequentemente durante os shows da banda pois o repertório era mais instrumental, com menos vocais, além de que Artie Shaw foi pressionado a contratar uma cantora branca, Nita Bradley, com quem Holiday não se dava bem, mas tinha que dividir um coreto.
A gota d’água pra ela cair fora foi em novembro de 1938, quando Holiday foi convidado a usar o elevador de serviço no Lincoln Hotel , em vez do elevador de passageiros, porque os clientes brancos dos hotéis reclamaram. Ela deixou a banda logo depois.
** O pontapé inicial para que ela se tornasse a diva do jazz, dos grandes hits singles de sucesso arrebatadores da década de 40, se deu com certeza quando se apresentou no Café Society, no ano de 1939.
A sua performance de “Strange Fruit” (música mencionada no podcast em que era baseado num poema do judeu residente em Ny,Abel Meeropol) neste recinto foi memorável.
Durante a longa introdução da música, as luzes diminuíram junto com todo movimento.
Quando Holiday começou a cantar, apenas um pequeno holofote iluminou seu rosto. Na nota final, todas as luzes se apagaram e, quando voltaram, Holiday já havia saído do palco. A popularidade de Holiday só aumentou após “Strange Fruit”.
Ela recebeu uma menção na revista Time . Ela logo exigiu um aumento para seu gerente que concordou em gravá-la para gravadora Commodore Records em 20 de abril de 1939. “Strange Fruit” permaneceu em seu repertório por vinte anos.
Mencionamos no podcast que a Billie Holiday gravou um filme, em 1946.
O resultado final foi desastroso, segue os detalhes de mais um absurdo de época
Em setembro de 1946, Billie Holiday gravou seu único grande filme, chamado New Orleans, no qual atuou ao lado de Louis Armstrong e Woody Herman, mas tiveram cenas excluídas e o filme, bem como seu produtor Jules Levey e diretor Herbert Biberman entraram para a lista “Hollywood Ten” (era um termo coloquial para uma lista ampla de pessoas da indústria do entretenimento que entrou em vigor em meados do século XX nos EUA durante os primeiros anos da Guerra Fria, que consistia na prática de negar emprego a profissionais da indústria do entretenimento que se acreditavam serem ou terem sido comunistas ou simpatizantes).
Não apenas atores, mas roteiristas, diretores, músicos e outros profissionais de entretenimento americanos foram impedidos de trabalhar pelos estúdios
Sobre a produção do filme: Atormentados e perseguidos pelo racismo e pelo McCarthyism, o produtor Jules Levey e o roteirista Herbert Biberman foram pressionados a diminuir os papéis de Holiday e Armstrong para evitar a impressão de que os negros criaram o jazz.
Todas essas tentativas de intervenção na obra não deram muito certo e em 1947, Biberman foi listado como um dos Dez de Hollywood e enviado para a prisão.
McCarthyism- este termo refere-se ao senador americano Joseph McCarthy (R-Wisconsin) e tem suas origens nos EUA conhecido como Segundo Susto Vermelho, que durou do final da década de 1940 até a década de 1950, em que era usado para definir a prática de fazer acusações subversão ou traição sem as devidas evidências ou provas.
Os principais alvos de tais suspeitas eram funcionários do governo, da indústria do entretenimento, acadêmicos e ativistas sindicais. Muitas vezes, as suspeitas recebiam credibilidade, apesar das evidências inconclusivas ou questionáveis. Muitas pessoas sofreram perda de emprego ou destruição de suas carreiras; alguns foram presos.
Trilha Sonora
Ella Fitzgerald – Blue moon
Ella & Louis – Cheek to Cheek
Billie Holiday -Body and soul
Billie Holiday – God Bless The Child
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