Adeus, minha adorada. A narrativa policial inesgotável de Raymond Chandler

O bom e velho romance policial de Chandler. Adeus, minha adorada novamente me surpreendeu. Após vinte anos, reli esse segundo romance do mestre. É um baita romance. É rico em ação e diálogos cortantes.

A aspereza da narrativa impressiona, pois é difícil encontrar um autor que fique ali, lado a lado, que nos leve por lugares obscuros, repletos de corrupção, trapaças, tristeza e dor e ainda por cima nos ensine algumas coisas.

Chandler e Hammett são dois autores gêniais, eles reinam no gênero noir. Mas ainda assim, na opinião pífia e simplória desse sujeito que escreve, Chandler subiu as escadas primeiro. Seu personagem, Philip Marlowe, com suas tiradas e frases pontiagudas feito flechas é imbatível.

As histórias do mestre são imortais

Como é bom ler essas histórias policiais. Quem por acaso não conhece o autor, apenas arrisque tomar nas mãos um de seus romances, não O Longo Adeus, esse não, esse é para um momento mais adiante, quando já estivermos preparados e apresentados ao universo sombrio e recheado de sordidez que Raymond Chandler tece parágrafo após parágrafo.

O Longo Adeus é para um leitor mais maduro, infelizmente.

Tudo em seus livros se torna real e palpável. Los Angeles é uma cidade gritante. Ela cresce e cospe sujeitos duros, loiras fatais e policiais corruptos. Por ela vagam também homens e mulheres dispostos a tudo para esconder o passado ou reascender a chama de um amor mal resolvido.

Do que fala Adeus, Minha adorada?

É o caso da trama de Adeus, minha adorada, onde um sujeito grande e mal encarado sai da prisão na esperança de encontrar seu grande amor de uns anos atrás, a pequena e misteriosa Velma, uma cantora de boate.

Em seu caminho, por acaso, encontra Marlowe, o detetive que insiste em estar na esquina errada no momento em que a confusão está atravessando a rua a passos largos. Ambos se esbarram. Ai a merda está feita.

Daí em diante, surgem corpos com o crânios amassados, chantagistas que tendem a não querer comparecer ao local combinado, tiras com um certo senso de ingratidão, e mulheres que preferem esconder verdades e mostrar colares caros.

Um romance bem construído com um personagem amadurecendo

Um fato peculiar nesse romance, o segundo, publicado em 1940, é que vemos um Marlowe ainda em formação, um pouco mais maduro do que em seu primeiro caso, O Sono Eterno de 1939. Vale a busca e a leitura.

Um romance bem amarrado e com muito realismo. Podemos dizer que Chanldler, mesmo após tantos anos, continua alvejando os leitores com romances e contos. Suas histórias ficam na memória. E é simplesmente impossível alguém sair das narrativas do mesmo jeito que entrou.

Abaixo deixei mais algumas indicações de podcast e outros artigos sobre narrativa policial. Boa leitura e audição e até a próxima resenha!

O Sono Eterno – O primeiro romance policial de Raymond Chandler

O longo Adeus de Raymond Chandler, um clássico policial

A dama do lago de Raymond Chandler

A PROMESSA – REVENDO CONCEITOS DA NARRATIVA POLICIAL NA OBRA DE DÜRRENMATT

Dashiell Hammett – Divisor de águas na literatura policial

Rex Stout, o lado sarcástico da literatura policial

# Abutres não ouvem Jazz – EP24 – Literatura policial – Por que ler, Agatha Christie, Conan Doyle e Raymond Chandler??

 

Felipe Terra Escrito por:

Professor e amante da arte literária, atua na área da educação desde 2011. Viciado na música de Bach, Mozart e Chet Baker, e na literatura de Raymond Chandler, Ross Macdonald e Paul Auster. Ama escrever e acredita que poderia ler mais, porém, precisa dormir, infelizmente. Consegue passar horas jogando pôquer ou xadrez com os amigos. Degustar pizzas de queijo e bacon é um dos passatempos prediletos em horas de fome extrema.

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