Todo dia, no intervalo de uma aula pra outra é aquele corre-corre. Quero ir ao banheiro. Posso falar com o Serginho? Está frio, está calor. A descarga de pedidos jorra logo cedo, assim que o sinal toca e começa a marcha desumana rumo à sala de aula.
Carteiras, apostilas, estudantes com preguiça descomunal e a aflição de quem está em casa, preso, atrás das câmeras, esperando o belo dia nascer para quem sabe deixar o enclausuramento e voltar às discussões calorosas em sala.
Rotina, desculpas esfarrapadas pelo trabalho não feito, sono, tudo isso prevalece. O que vale e quanto vale o estudo doméstico e autodidata? Nunca estivemos num patamar mais defasado que esse. Pandemia, pandemônio.
Ora temos esperanças, ora temos que amordaçar nossas bocas para não proferir ofensas contra quem caminha em prol de um Brasil melhor.
Melhor para poucos. E é engraçado (trágico também, claro) que a maioria está esperando a banda passar e o litro da gasolina valer mais que dois dólares. Enquanto aguardam, gravam mais uma meia dúzia de dancinhas no tik tok para ganhar mais alguns trocados.
E assim tudo segue, rápido e caro. Um vídeozinho aqui outro lá, em troca de views e amigos que nunca veremos. E além de tudo, a vida segue. Jogando ao vento as esperanças e sonhos que um dia já foram nobres e necessários, mas que hoje, não passam de uma utopia que faz o povo delirar.
Foto de topo by Skylar Kang no Pexels
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