As leituras atuais estão rendendo boas resenhas e claro, histórias absurdas. Essa semana finalizei o livro A Promessa, do suiço, Friedrich Dürrenmatt. É uma pequena e deliciosa novela policial.
Normalmente a escrita alemã (o cara é suiço, mas escreve em alemão) tende a ser um pouco mais lenta que a americana ou latina, não é regra, claro, mas enfim, o importante é que essa narrativa tem um ritmo muito bom. Finalizei a leitura de 150 páginas em 3 dias.
Como é ler um autor suíço?
O fato de ser um autor suíço e escrever em alemão (tudo bem que é uma tradução) tornou a história ainda melhor. É uma outra cultura e clima, além de possuir uma linguagem que difere e muito de outros idiomas.
O enredo é intrincado e com um narrador bem determinado. Determinado a nos contar uma bela história.
O corpo de uma garota é encontrado num bosque por um viajante qualquer. O crime, logo descoberto, choca a população local. Logo, um detetive é designado para o caso. Um detetive que cai na besteira de fazer uma promessa à família da garota morta.
Tudo caminha para um romance clichê, no entanto, Dürrenmatt tem a seguinte proposta com essa novela. Mostrar aos leitores e admiradores de histórias policiais que nem tudo deve acabar e acontecer como manda a tradição. Nem todo crime possui uma solução e nem toda solução condiz com o que queremos.
E por fim, nem todos os suspeitos devem ou precisam ser interrogados, será? E como ponto fundamental, as camadas narrativas são grandes desdobramentos. Apesar de ser linear, a trama é contata para nós no formato de camadas em 1ª pessoa.
A polifonia textual de Dürrenmatt
Quando digo camadas quero dizer que no livro temos uma história, dentro da história, dentro de outra história. Pensar que se torna algo confuso é natural, mas tudo se encaixa e nos deparamos com um livro obrigatório para quem ama a arte dos enredos de crimes.
Dou 5 estrelas para A Promessa. Chego a dizer que o mistério desse livro, e as resoluções que o autor dá para os acontecimentos, estão no topo da lista de resoluções em livros policiais.
Diga-se de passagem, Dürrenmatt consegue criar uma atmosfera densa, chuvosa e opressora desde o primeiro parágrafo. O clima da história é obscuro. É pesado feito um inverno chuvoso europeu.
Tudo o que surge e desaparece em A Promessa se assemelha a algo sendo encoberto pela neblina. E sair do meio dela e chegar a uma solução do mistério é uma tarefa árdua e quase inútil.
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