Convite para um baile clandestino

Atualmente a leitura tem se tornado ou pelo menos deveria ter se tornado um dos maiores aliados dos seres humanos de um ano para cá. Estranho? Sim! Com tantas livrarias cerrando as portas e o mercado editorial em colapso, parece estranho ouvir uma afirmação como essa.

Pode não parecer, mas num cenário de pandemia e com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, tanto no âmbito da saúde, político, social e esportivo, sim, esportivo, acabamos nos esquecendo que culturalmente, nós, mortais de passagem na terra, não podemos e nem devemos parar de investir em cultura. Principalmente em nossa cultura leitora.

Com produtos e serviços cada vez mais caros, a opção da leitura, seja por meio de uma compra promocional em algum site que entrega mega rápido, ou apanhando aquele livrinho antigo, largado na estante, acaba sendo uma opção mais rentável para o bolso e para a mente.

O acesso ao livro na última década, ainda que algumas editoras coloquem a faca para extrair o rim dos leitores fiéis, vem melhorando com inúmeras opções de compra de livros usados e nos desapegos da vida.

Buscar livros que nos tirem dessa inércia doentia parece ser o melhor caminho. Sem querer ser clichê mas já sendo, dá pra sair de casa abrindo um livro. Para os amantes da leitura, a pandemia é um convite.

Um convite para um baile “clandestino” que não deveria ter hora pra acabar. E que a única interrupção deveria ser o sono e não o camburão da polícia tocando o terror.

 

Felipe Terra Escrito por:

Professor e amante da arte literária, atua na área da educação desde 2011. Viciado na música de Bach, Mozart e Chet Baker, e na literatura de Raymond Chandler, Ross Macdonald e Paul Auster. Ama escrever e acredita que poderia ler mais, porém, precisa dormir, infelizmente. Consegue passar horas jogando pôquer ou xadrez com os amigos. Degustar pizzas de queijo e bacon é um dos passatempos prediletos em horas de fome extrema.

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