Tsundoku – Livro fechado não conta história

É estranho olhar a estante repleta de livros ainda não lidos. Se pensarmos com atenção, veremos que livros fechados são vidas mortas, empoeiradas e com muito a dizer. As histórias que no passado alegraram olhos e mente, agora repousam adormecidas.

A rotina diária e o lodo chamado trabalho, nos deixam mais atentos às besteiras partidárias que povoam grupos do que aos livros que nos fitam inertes na estante.

Eles estão lá, implorando para serem lidos assim como imploramos por uma agulha que nos ampute das máscaras e da embriaguez do álcool em gel. A regra agora, pelo menos para esse humilde sujeito metido a cronista é seguir em frente.

Seguir dia após dia. Olhar a estante, sorrir para as lombadas e mergulhar em autores e narrativas que possam guiar a mente para um porto mais seguro que esse.

Longe dos monstros de terno e gravata que cospem fogo, lançam injúrias e tecem discursos de ódio. Com essa regra, talvez, não seja estranho, daqui uns anos, olhar a estante e quem sabe, encontrar páginas nunca lidas para repousar o espírito.

*Tsundoku

Felipe Terra Escrito por:

Professor e amante da arte literária, atua na área da educação desde 2011. Viciado na música de Bach, Mozart e Chet Baker, e na literatura de Raymond Chandler, Ross Macdonald e Paul Auster. Ama escrever e acredita que poderia ler mais, porém, precisa dormir, infelizmente. Consegue passar horas jogando pôquer ou xadrez com os amigos. Degustar pizzas de queijo e bacon é um dos passatempos prediletos em horas de fome extrema.

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