Retornar à escola depois de um ano atrás das telas é algo inexplicável. É um misto de ansiedade e incertezas. A junção da euforia e sofrimento. Como será daqui em diante?
O que sentimos quando diante dos olhos cansados surgem as salas com uma dúzia de alunos mascarados e cheirando a álcool não está nos manuais.
Nada de rodinhas de fofocas e dos garotos nos corredores se empurrando. Uma correria aqui e outra ali. Isso não tem mais, acabou. O ar exterminou o diálogo. Conversar perdeu a graça.
A inexistência de ruídos e o cheiro do vazio da cantina chegam a tocar a alma. Podem dizer que é exagero, puro romantismo barato, mas não. Só quem é professor ou está largado no meio da educação durantes anos compreende o cenário.
As melhores impressões são as que ficam, e as que ficaram, lá atrás, em algum lugar, foram as cadeiras cheias, o suor dos garotos vindo da educação física, reclamações pedagógicas e a atmosfera que só uma escola possui.
A tecnologia veio e quase nos engoliu. Resta agora, com o retorno gradativo das tentativas de aulas, perceber e reconhecer, que o ser humano que segura o giz e rabisca o quadro na parede, é tão e mais importante que o rapaz de cabelo rosa fazendo gols num clássico do brasileirão.
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