Leitores espalhados pelo mundo afirmam que ler textos com uma pitada de erotismo é sempre bom. É um universo que realmente chama a atenção das pessoas.
Trilhando esse caminho picante, temos ótimos exemplos de escritores que fizeram de modo excepcional o uso do erotismo na literatura. Mas provavelmente nenhum deles chegue aos pés do devasso Donatien Alphonse François de Sade. O Marquês de Sade.
O marquês continua sendo uma das figuras dentro da história da literatura mais controversas e polêmicas. Seu estilo e forma de escrita despertaram inúmeros desejos nos leitores, desejos muitas vezes insanos, mas também despertou os inimigos.
Oriundo de uma rica família francesa, Sade teve condições financeiras suficientes para levar uma vida tranquila e ter um futuro privilegiado.
Bem, espera, como assim um futuro privilegiado sendo que passou parte de sua vida na prisão? Sim! Um terço da vida repleta de devassidão e luxúria ele passou trancafiado na emblemática prisão da Bastilha, símbolo da Revolução Francesa.
Segundo más línguas e boas também, o Marquês foi preso a pedido da mãe de sua “esposa” por conta de um constrangimento público que ele fizera a moça passar. Devemos considerar Sade como um símbolo contra a opressão do antigo regime francês.
Dificuldades históricas e enredos bombásticos
Em um período histórico conturbado e desesperançoso, às vésperas da grande revolução, dentro do calabouço ele iniciou a produção de uma de suas maiores obras, Os 120 de Sodoma, uma obra até hoje comentada por críticos e que ganhou uma adaptação para o cinema, gerando ainda mais polêmica no cenário da sétima arte.
A história de 120 de Sodoma é a seguinte. Quatro homens ricos e libertinos decidem experimentar momentos de gratificação sexual em orgias.
Para isso, partem para um castelo isolado e ficam por lá quatro meses com pelo menos 50 pessoas, mulheres, homens e jovens de ambos os sexos. Escolhem também cafetinas para contar suas aventuras. Em meio a toda essa loucura de desejo carnal e orgias, acontecem abusos, torturas e assassinatos.
Agora pergunto. Como uma literatura dessa não poderia chocar e causar todo o reboliço que causou numa sociedade à beira de uma grande revolução e lutas sociais?
Inegavelmente o Marquês de Sade jogou merda ao vento. Escancarou o lado depravado da sociedade que se dizia conservadora mas que, diante de um burburinho, corria para espiar por entre as cortinas e assistir um ato sexual alheio. Por isso Sade foi mandado para apodrecer na cadeia.
Temas que incomodavam a sociedade conservadora
Muito criticado, e proibido de escrever seus textos durante o cárcere, precisou usar de uma estratégia para não ter seu manuscrito confiscado. Pesquisadores afirmam que ele fez uso de um pequeno rolo de papel de uns 12 metros, e escreveu com a menor letra que conseguiu.
Assim, o livro foi escrito em segredo ao longe de 45 dias. O manuscrito foi perdido em meio ao caos das invasões e revoltas que aconteceram em Julho de 1789. Historiadores encontraram-no quase um século depois.
Diversas histórias e documentos afirmam que o período em que Sade viveu dentro e fora da prisão não atrapalharam sua produção.
Pelo contrário, produzia cada vez mais num ritmo alucinado e com muito, muito apetite pela literatura. Em seus livros e peças teatrais, os temas que nascem vão desde o ateísmo, vícios humanos e crimes. Todos com um fundo moralista bastante profundo.
O triste fim de uma vida repleta de prazer
Fato é que ao final de sua vida, após escapar da guilhotina do Reino do Terror francês, Sade acabou pobre e ainda escrevia textos de forma incansável.
O que lhe rendeu, em 1801, mais um período prisional, para só então ser enviado ao asilo de Charenton, lá, considerado demente, findou seus dias, mergulhado em seus desejos e aos poucos sendo esquecido por aqueles que tanto o perseguiram.
Porém, seus fãs espalhados pelo mundo, continuaram inflamando sua literatura repleta de erotismo pelo mundo.
Para que vocês, fãs do duofox, possam conhecer mais sobre a vida e obra do Marquês de Sade, vou deixar algumas sugestões de livros e filmes. Leia, assista e compartilhe com seus amigos. Um abraço e até a próxima!
LIVROS
– Justine, 1791 (Romance)
– Os 120 dias de Sodoma, 1905 (Romance)
– Filosofia na Alcova, 1795 (Teatro)
– Crimes do amor, 1800 (Contos)
FILMES
– Os 120 de Sodoma (1977) Direção de Pier Paolo Pasolini
– Contos proibidos do Marquês de Sade (2001) Direção de Philip Kaufman, com Geoffrey Rush, Kate Winslet, Joaquin Phoenix.
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