O livro dessa semana é uma pérola da literatura brasileira. Comprei o livro em uma de minhas andanças pelo centro de São Paulo e posso garantir que foi uma excelente compra.
O autor, Ferréz, morador de Capão Redondo, São Paulo, narra a trajetória de Calixto, um sujeito comum e que segue vivendo cada dia de sua rotina enfadonha como se não pudesse fugir do caos que o cerca. De certa forma não pode mesmo.
Calixto tem cerca de 50 anos, arquivista em uma empresa, e após um relacionamento conturbado, sua visão para o mundo parece se abrir. O livro todo é um emaranhado de fragmentos de sua vida e outros seres que povoam os grandes centros urbanos.
Nesses fragmentos, temos a sensação de que ninguém, vivendo como nós vivemos, saindo para trabalhar de manhã, dando conta dos filhos, dos relacionamentos, ninguém parece ser feliz. Triste, porém verdade. No fundo, sentimos um completo vazio.
Como na capa do livro, uma TV fora de sintonia e da tomada, tudo o que enxergamos da vida é uma série de borrões disformes, problemas que a vida joga sobre nossos ombros e achamos que estamos carregando. Tentamos mudar o canal de nossas vidas, mas em vão… Pois não temos controle de nada.
A linguagem de Ferréz é surpreendente. Direta, floreios filosóficos sobre a existência e palavrões quando necessário. O livro é uma verdadeira aula de construção narrativa não linear. Difícil não se perder e não se encontrar na leitura desse livro.
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