A banda sergipana Madame Javali lança seu primeiro videoclipe, da música Luz Dentro do Caos, presente no primeiro álbum da banda, que leva o mesmo nome, de 2019. Realizado com recursos da lei Aldir Blanc através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), a produção se localiza num futuro caótico e pós-apocalíptico, cujo protagonista é o frontman da banda, Allan Jonnes, sob a direção audiovisual de Alisson Mota.
Assista ao videoclipe de Luz Dentro do Caos: https://youtu.be/kGpyY8tNmwY
Inspirado esteticamente pelos primeiros filmes do cineasta norte-americano David Lynch – como Eraserhead (1977) e O Homem Elefante (1980) – o videoclipe é todo em preto e branco e manipula realidade, distopia e surrealismo. A alegoria do curta se aplica à vida no mundo de hoje: caótica e sem perspectiva de uma luz no fim do túnel. Nesse contexto, a luz habita o caos, num ciclo de coexistência que se repete infinita e indefinidamente.
“Luz Dentro do Caos discorre sobre a possibilidade de desfrutar uma utopia que efetua-se no presente, uma utopia que habita o campo do real”, revela Allan Jonnes, vocalista da banda e poeta, que divide a composição da canção com o ex-guitarrista da Madame Javali, Fábio Barros.
“O lugar comum clama por uma resolução que se apresentará apenas no porvir, por isso aguardam por uma luz no fim do túnel. O contraponto proposto pela canção está posto desde a construção adverbial que a titula; luz “dentro” do caos, que é a luz do agora, deste momento histórico, porque há luzes também no breu e na confusão, há dias que salvam-se, há encontros luminosos dentro do horror, pontos de fuga na tormenta, feixes de farol no caos”, completa o vocalista.
“A ideia do clipe foi justamente dar vida à essa jornada cíclica, entre altos e baixos, sempre orientada por uma luz, que entendo ser atrelada à produção e à fruição da arte como o nosso refúgio em tempos de autoritarismo, de pandemia e de tantos retrocessos sociais e políticos”, explica o diretor do videoclipe, Alisson Mota.
Novo disco
O segundo álbum da Madame Javali, chamado Não Será Aqui o Vosso Descanso, está previsto para setembro de 2022. O primeiro single, que leva o mesmo nome do disco, tem seu lançamento previsto para 27 de julho. O novo projeto conta, na capa, com fotografia do paraense Guy Veloso, retirada do seu mais recente livro, Penitentes. São nove faixas entre o experimental e o melódico.
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Ficha técnica do clipe
Direção: Alisson Mota (@alissoooooooo)
Roteiro: Alisson Mota, Sandyalê (@sandyale_) e Allan Jonnes (@allanjonnes)
Produção executiva: Alisson Mota e Allan Jonnes
Direção de fotografia e câmera: Gabriel Barretto (@gabbarretto)
Desenho de luz e gaffer: Gladson Galego (@gladson.galego)
Produção de set: Alisson Mota, Sandyalê e Pedro Boeira (@boeira.pedro)
Montagem e créditos finais: Alisson Mota
Finalização: Gabriel Barretto
Ficha técnica da música
Vozes: Allan Jonnes (@allanjonnes) e Fábio Barros (@fabio.barros__)
Violão: Fábio Barros
Guitarra: João Mário (@obsfera)
Bateria: Gabriel Perninha (@pernafff)
Baixo: Luno Torres (@lunotorres)
Violoncelo (simulador): Fábio Barros
Gravação: João Mário e Victor Amaral (Estúdio Chico)
Edição de som: João Mário
Mixagem e finalização: Léo Airplane
Letra: Allan Jonnes e Fábio Barros
Música: Fábio Barros e Allan Jonnes
Arranjos: João Mário, Fábio Barros, Gabriel Perninha, Allan Jonnes, Luno Torres
Luz dentro do caos
Eu sei que eu não me perderei
Andarei descalço no cais e não desabarei
Andarei descalço no chão de sol e não me queimarei
Não
O caminho é de incêndio e som
E esses olhos não veem o amanhã
Toda vez que o sol cresce ele põe
Uma mancha de luz pelo chão
Essa mancha é um mapa desenhado
Em que todos tateiam em vão
Os mais vivos arrancam um brilho
E os que sobram descansam a mão
Luz dentro do caos
Eu sei que eu não me perderei
Andarei descalço no cais e não desabarei
Andarei descalço no chão de sol e não me queimarei
Não
O caminho é de incêndio e som
E esses olhos não veem o amanhã
Toda vez que o sol cresce ele põe
Uma mancha de luz pelo chão
Essa mancha é um mapa desenhado
Em que todos tateiam em vão
Os mais vivos arrancam um brilho
E os que sobram descansam a mão
Quando a terra se fez não tinham cercas
Nem arames farpados nem nações
Nem bandeiras, Estados ou igrejas
Dividiam pedaços desse chão
Há no corpo a potência da semente
Que enterrada no chão não ajoelha
Se levanta, rebenta, sai da terra
Transformada num tronco de madeira
Andarei descalço no chão de sol
E não me queimarei
Não
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