O que é um personagem? Porque a literatura nos comove? O que nos motiva a prosseguir com a leitura de um romance?
Estas entre outras questões são respondidas pelo crítico inglês, James Wood, conhecido por seu trabalho na revista New Yorker.
No livro Como funciona a ficção de James Wood, faz uso de trechos de autores como Henry James, Nabokov, Virginia Woolf e Tchekhov para explicar o funcionamento de cada “engrenagem” de um romance.
1-Narração
Segundo James Wood, há dois tipos funcionais de narração. A narração não confiável (em primeira pessoa, sobre a ótica do narrador personagem) e a narração confiável (através da ótica onisciente do narrador em terceira pessoa). Dostoievski em memórias do subsolo, faz uso do narrador em primeira pessoa. Em contraponto, Tolstói e Flaubert utilizavam narradores na terceira pessoa.
2-Flâneur
Frédéric Flaubert é precursor do flâneur (ocioso) representado por um narrador com percepções de personagem, ao observar todos os detalhes possíveis de uma cena ou ambiente e descreve-los com minúcias. Em resumo, flâneur é o narrador responsável incursões que o autor não costuma fazer, detalhando o máximo possível as descrições.
3-Personagem
Este é o desafio de escrever qualquer história, criar a personagem é trabalho árduo, James Wood questiona, de que forma podemos dar vida a um retrato estático? A personagem está ligado ao funcionamento mental como também pode ser uma ligação essencial com uma vida anterior. Distinguir as personagens secundarias das principais através de sutilizas e profundidade, pode ser um bom caminho para trilhar-se.
4-Consciencia
James Wood cita o antigo testamento para mostrar situações que Davi teve que passar para aprender algumas lições com a vida e mesmo assim manter-se um personagem público. Em crime e castigo de Dostoievski, Raskólnikov iludido pela ideia de que matar a velha miserável, poderia ter sua moral elevada. Davi também tropeçou no desejo, ao avistar Betsabeia nua tomando banho, sentiu desejo incontrolável a ponto de mandar assassinar o marido de Betsabeia e assumi-la como amante e esposa. Entretanto, como Raskólnikov, tem que aceitar o castigo impelido pelo destino, a punição divina.
5-Diálogo
Na década de 50, Henry Green fez uma apresentação na BBC Radio Station, sobre diálogos. Green nos dá uma direção através deste exemplo:
“Quando você imagina que vão te pôr para fora?”
Olga, quando fez a pergunta ao marido, assumiu o ar de um animal ferido, os lábios se curvaram para baixo num esgar e o tom de voz usado traia todos aqueles anos que uma mulher pode ceder à serragem aos espelhos e ao cheiro viciado de cerveja e dos bares públicos.
Esperamos que estas dicas possam auxiliar na criação de crônicas, contos, novelas ou até mesmo um romance, leiam Como funciona a ficção de James Wood!!!
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