Os Irmãos Karamázov de Fiódor Dostoievski: Clássico Russo

Ganância? Mesquinhez ? Luxúria?

Sentimentos que 100% dos seres humanos sentem vergonha de assumir e fazem questão de esconder. Esta é a temática abordada no romance Irmãos Karamázov de Fiodor Dostoievski, um livro  de 870 páginas, repleto de nuances e personalidades perturbadas.

Com diálogos engenhosos  a cada página somados a escrita de um dos melhores romancistas russos. Só poderia resultar em clássico universal. Fiódor Dostoievski (1821 – 1881) foi um dos maiores romancistas da literatura russa, considerado como o fundador do existencialismo.

Os Irmãos Karamázov, descreve a estranha relação entre o palhaço mesquinho Fiódor Pávlovitch Karamázov e seus três filhos , Dmitri Fiódorovitch, Ivan e Aliksiêi (Aliócha). A narrativa poderosa e concisa, consegue prender o leitor com detalhes de grandes personagens, suas frustrações e seus conflitos filosóficos, as certezas existenciais e as atitudes de cada um dos filhos, que se confrontam com o pai, que leva uma vida desregrada e repleta de luxúria.

Conflitos entre  personalidade e o temperamento de cada um deles, ocasionam uma guerra, aliados a rudeza e singularidade do pai. A pouca inteligência e brutalidade de Dmitri, a sabedoria atormentada de Ivan e a pureza de Aliócha, travam duros confrontos, com escrita impecável durante toda a obra.

Entre tantos personagens peculiares, destaque para figura de Fiódor Karamázov, abaixo um de seus pensamentos e no qual o personagem é bem representado:

“Na imundície é que é mais doce: todos vivem, só que às escondidas, enquanto eu sou transparente. Pois foi por essa minha simplicidade que todos os sujos investiram contra mim. Já para o teu paraíso Aleksiêi Fiódorovitch, não quero ir, fica tu sabendo e para um homem direito é até indecente ir para o teu paraíso, se é que ele existe mesmo. A meu ver, a pessoa dorme e não acorda mais, descobre que não existe nada; lembre-se de mim se quiserem e se não quiserem o diabo que os carregue. Eis minha filosofia – Fiódor Pávlovitch Karamázov”.

Diego Fernandes Escrito por:

Bebedor desenfreado de café, Diego é desenvolvedor front-end e professor. É o fundador do Duofox. Na literatura não vive sem os russos Tolstói, Dostoiévski e Anton Tchekhov e consegue "perder" tempo com autores da terra do Tio Sam, Raymond Chandler e Melville. Acredita que a arte de maneira geral é a única forma de manter o ser humano pelo menos acordado, longe do limbo que pode levar a humanidade à Encruzilhada das Almas.

Um comentário

  1. Victor
    abril 23, 2015
    Responder

    Eu li os dois primeiros livros e estou chocado! Estou me preparando para continuar…

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