Para alguns, Ernest Hemingway foi e continua sendo um grande autor, famoso por sua prosa enxuta, diálogos marcantes e que revolucionou a arte da escrita. Para outros, não passava de um ambicioso escritor que tentava alcançar o patamar de seus contemporâneos.
Pois bem, Ter e não ter, é um dos cinco mais lidos pelos fãs do velho “papa”, como era conhecido. Embora não seja tão aclamado quanto O Velho e o Mar e Por quem os Sinos dobram, Ter e não ter é um romance que surge quebrando em certos aspectos os padrões de prosa e enredos do autor.
Ao enveredar-se pelas páginas de Ter e não ter, o leitor mergulha no universo de Harry Morgan, personagem durão e decidido, cuja única motivação é sobreviver em meio ao caos social, a miséria e opressão política.
Em Ter e não ter, Harry Morgan, que narra somente o primeiro capítulo do livro, se mostra um sujeito oprimido em seu meio, obrigado a executar trabalhos e a enfrentar situações adversas para sustentar sua família.
Tão logo o livro começa, ele já se encontra em dificuldades, envolvido em um trabalho um tanto suspeito. E à medida que a trama avança, vemos que o fim do nosso “herói” não poderia ser outro.
Para quem está acostumado com o clima europeu nos espaços narrativos de Ernest Hemingway, seja bem-vindo a Key West, Flórida, local onde transcorre a maior parte da narrativa, em meio aos bares, ruelas portos.
O autor viveu na região, o que dispensa comentários a respeito das descrições. Ter ou não ter é de fato uma grande e triste história de amizades, desilusões, amores, crueldade e acima de tudo, de esperança. Na verdade, a esperança é talvez a única coisa que Harry Morgan ainda mantém viva até perder uma parte de seu corpo e com ela, a dignidade.
Uma história narrada de forma brilhante, onde o destino dos personagens é semelhante a um barco, à deriva, em meio a águas turbulentas. Nas palavras do próprio Hemingway, “estamos condenados a perder, portanto, devemos perder segundo nossos próprios termos. É o que nos resta.”
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